Nº de páginas: 260
Editora: Planeta (2010)
Sinopse: «Marina disse-me uma vez que apenas recordamos o que nunca aconteceu. Passaria uma eternidade antes que compreendesse aquelas palavras. Mas mais vale começar pelo princípio, que neste caso é o fim.» «Em Maio de 1980 desapareci do mundo durante uma semana. No espaço de sete dias e sete noites, ninguém soube do meu paradeiro.» «Não sabia então que oceano do tempo mais tarde ou mais cedo nos devolve as recordações que nele enterramos. Quinze anos mais tarde, a memória daquele dia voltou até mim. Vi aquele rapaz a vaguear por entre as brumas da estação de Francia e o nome de Marina tornou-se de novo incandescente como uma ferida fresca. «Todos temos um segredo fechado à chave nas águas-furtadas da alma. Este é o meu.»
Opinião: Li este livro numa noite. Peguei nele a meio do serão e só o larguei quando o terminei, de madrugada. Se não me tivesse prendido imediatamente pela história, que começa como descrito na sinopse, ter-me-ia rendido apenas à escrita de Zafón. Deste autor já tinha lido o cada vez mais célebre A Sombra do Vento, ao qual fiquei rendida. Sabendo que este Marina foi o primeiro romance do autor, creio ter notado alguma diferença na escrita, mais descontraída e divertida (reflectindo também a personalidade do protagonista, Óscar), menos elaborada, se for esse o termo, mas igualmente descritiva de forma belíssima.
Óscar é um jovem de 15 anos que mora num internato na cidade de Barcelona. A sua rotina passa por aproveitar a janela de tempo entre o fim das aulas e o jantar para explorar Barcelona, e num desses dias acaba por entrar numa casa aparentemente desabitada, atraído por uma música sublime. Uns dias mais tarde, após uma fuga assustada que precipita um furto inadvertido, Óscar conhece a improvável inquilina desta mansão semi-abandonada, onde vive com o seu pai. Marina.
Não pude obviamente deixar de identificar alguns pontos em comum com a história de A Sombra do Vento. A fórmula é em muito semelhante: Um jovem rapaz perdido nos mistérios de uma intriga em Barcelona, acompanhado de uma bela jovem.
Esta história está repleta de mistérios e reviravoltas. Adivinhei todas as revelações antes de acontecerem, mas isso não fez com que tivesse gostado deste livro nem um bocadinho menos. Passo a explicar. Numa certa discussão familiar há uns meses, chegou-se à conclusão que todas as grandes obras literárias (ou uma grande maioria daquelas que nos apaixonam) e/ou cinematográficas, retirados todos os contextos e cenários e deixando apenas o núcleo, evocam o enredo tronco das tragédias gregas ou peças Shakespeareanas. Não foi por não ter sido apanhada de surpresa que deixei de me comover com a forma como esta história foi escrita, e o seu enredo apresentado.
Este livro foi uma delícia do início ao fim, quer pela mistura de elementos históricos e fantásticos, pela graciosidade da linguagem e até, como piscadela de olho ao romance de terror, uma María Shelley no meio de um mistério que surge com estranhos objectos que ganham vida. E mais não digo. Mesmo no fim, acabei por ser surpreendida pelo rumo que os acontecimentos tomaram e pela forma como a história foi terminada… tal como começou. E já mencionei como adoro a escrita deste autor? Terminei este livro com aquele suspiro de quem termina uma aventura, mas que apreciou cada momento.
O melhor: A escrita de Zafón.
O pior: Alguns pontos de contacto com a obra que conheço do autor, e mais uma vez fiquei frustrada por não conhecer Barcelona.
4/5 – Gostei bastante
Pois é...
ResponderEliminarO unico contra neste livro é o nº de paginas, pouquissimas!
Os livros de Zafón mereciam ter pelo menos 700 paginas. :)) Bom fim-de-semana!
Clapotis, tens razão, acaba num instante!
ResponderEliminarObrigada e bom fim de semana tb pra ti :)
Estou desejosa por o ler.Li O Jogo do Anjo deste escritor e adorei.
ResponderEliminarBoa leitura.
Olá,
ResponderEliminarTambém eu li este livro este ano, em Fevereiro. É muito bom tenho a dizer mas sente-se a falta de mais, mais para ler, muito mais, porque Zafón tem esta magia de fazer a sua escrita fluir de uma maneira surreal que nos transporta para o seu tempo e lugares, e ainda que o livro tivesse 600 páginas ou mais, sente-se sempre a falta que faziam mais umas tantas :)
Sou uma grande admiradora de Zafón e concordo com tudo o que disseram, embora ainda não tenha tido a oportunidade de ler este novo livro, espero ansiosa por o ter nas minhas mãos :)
ResponderEliminarPois é KittyCat... Este livro foi um bom começo de partilha pelos nossos gostos em comum.
ResponderEliminarLamento que não consiga ter muito mais contacto contigo... quando mais não seja, pelo teu blog. Continua com a proliferação do teu bom gosto pelos livros.
Beijos com saudades, Paula_lab