Nº de páginas: 392
Editora: (Livros D'Hoje (Publicações Dom Quixote 2008)
Sinopse: Nunca algo semelhante tinha acontecido na história de Portugal ou de qualquer outro país europeu.
Em tempo de guerra, reis e rainhas tinham sido destronados ou obrigados a refugiar-se em territórios alheios, mas nenhum deles tinha ido tão longe, a ponto de cruzar um oceano para viver e reinar do outro lado do mundo. Embora os europeus dominassem colónias imensas em diversos continentes, até àquele momento nenhum rei tinha posto os pés nos seus territórios ultramarinos para uma simples visita - muito menos para ali morar e governar. Era, portanto, um acontecimento sem precedentes tanto para os portugueses, que se achavam na condição de órfãos da sua monarquia da noite para o dia, como para os brasileiros, habituados até então a serem tratados como uma simples colónia de Portugal.
D. João VI foi o único soberano europeu a visitar terras americanas em mais de quatro séculos e foi quem transformou uma colónia num país independente.
No entanto, o seu reinado no Brasil padece de um relativo esquecimento que, quando lembrado, é tratado de forma caricata.
Mas o Brasil de D. João VI não se resume a episódios engraçados. A fuga da família real para o Rio de Janeiro ocorreu num dos momentos mais apaixonantes e revolucionários do Brasil, de Portugal e do mundo. Guerras napoleónicas, revoluções republicanas e escravidão formaram o cenário no qual se deu a mudança da corte portuguesa e a sua instalação no Brasil.
O propósito deste livro, resultado de dez anos de investigação jornalística, é resgatar e contar de forma acessível a história da corte portuguesa no Brasil e tentar devolver os seus protagonistas à dimensão mais correcta possível dos papéis que desempenharam há duzentos anos.
Como se verá, estes personagens podem ser, inacreditavelmente caricatos, mas isso é algo que se poderia dizer de todos os governantes que os seguiram, incluindo alguns actuais.
Opinião: Li este livro por insistência do meu pai, professor de História. Confesso que pensei que era um retrato da fuga da família real portuguesa para o Brasil, escrito em forma de romance histórico, e não o documento histórico que é. Este livro, conforme o próprio autor explica logo na sinopse, é fruto de uma investigação exaustiva e longa acerca deste período da História do reino. É um relato preciso, completo e detalhado da realidade política e social de Portugal nas vésperas na Invasão Francesa, das suas relações com Inglaterra e o resto da Europa, do estado do Império e finalmente, das consequências da partida de Portugal e estabelecimento da corte portuguesa no Brasil.
Todos nós aprendemos esta matéria na escola. Mas a verdade é que os livros de História não nos ensinam muito mais além da fuga precipitada da corte, acerca da fragilidade mental da Rainha D. Maria e a timidez do seu filho, o príncipe regente D. João VI. Sabemos que a aliança foi Inglaterra foi determinante nesta empreitada, e que esta fase da nossa História culminou com a independência do Brasil, pela mão de D. Pedro I (do Brasil, IV de Portugal).
Este livro oferece-nos uma descrição detalhada e fundamentada dos acontecimentos e da situação da época, muitas vezes pela própria “voz” de personalidades cuja correspondência constitui hoje documentação valiosa. Faz-nos realmente compreender o contexto em que esta insólita partida para a colónia teve lugar e os seus efeitos políticos, sociais e comerciais que desencadeou não só no Brasil, como em Portugal e na Europa.
O mais fabuloso neste livro é a maneira como conta História de forma precisa, sem se tornar em momento algum aborrecido. A escrita do autor é divertida e ritmada, incentivando o leitor a ler mais e a relacionar informação. Ao mesmo tempo, achei muito bem conseguida a estruturação da obra.
Em suma, é um excelente livro de História, muito bem escrito, e permite-nos aprender mais sobre esta fase da nossa História.
O melhor: O grande nível de detalhe e precisão dos dados; e a escrita cativante
O pior: Sinceramente acho que não tenho nada a apontar.
4/5 – Gostei bastante
Não é V de Portugal mas IV. :P
ResponderEliminarEu gostei bastante deste livro, não só porque se debruça sobre o Brasil e pouco sei da História desse país sobre domínio português, já que na escola a matéria debruçasse sobre o que se passava em Portugal com o Liberalismo; além disso, ao não ser escrito por um historiador não é secante! Sim, perdoem-me os historiadores mas a escrita aborrece e parece-se muito com "info dump". Já os jornalistas têm uma escrita muito mais apelativa na minha humilde opinião. :)
Tens razão, vou corrigir!
ResponderEliminarTambém gostei bastante de saber o ponto de vista da História do Brasil.
Concordo contigo, a escrita é bastante apelativa :)