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11/01/2011

O Homem do Castelo Alto, Philip K. Dick


O Homem do Castelo Alto, Philip K. Dick
Título original: The Man in The High Castle

Núm. páginas: 288


Sinopse: Estamos em 1962. A Segunda Guerra Mundial terminou há dezassete anos e a população já teve tempo de se adaptar à nova ordem mundial. Mas não tem sido fácil: o Mediterrâneo foi drenado, a população de África foi eliminada e os Estados Unidos da América divididos entre nazis e japoneses. Na zona neutra que divide as duas superpotências vive o homem do castelo alto, autor de um bestseller de culto, uma obra de ficção que oferece uma teoria alternativa da história mundial em que o Eixo perdeu a guerra. O romance é um grito de revolta para todos aqueles que sonham derrubar os invasores. Mas poderá ser mais do que isso? Subtil e complexo, O Homem do Castelo Alto permanece como o melhor romance de história alternativa jamais escrito. 




Opinião: A premissa seduziu-me imediatamente: um contexto histórico em que a Segunda Guerra Mundial evoluiu no sentido inverso. Os Aliados perderam a guerra e os países do Eixo dominam a política mundial. A nova ordem mundial consiste numa divisão dos territórios conquistados entre nazis e japoneses, a eliminação do mar mediterrâneo e o extermínio total da população africana. O território leste do país que foi conhecido por Estados Unidos da América está sob o domínio nazi, enquanto que o território Oeste pertence ao Japão. 

Um cidadão sueco que viaja discretamente para o continente americano, onde negócios muito especiais o esperam com um japonês. Este japonês, profundo seguidor dos oráculos do antigo livro chinês I Ching, procura resultados auspiciosos para o futuro, ao mesmo tempo que sente uma terrível angústia face ao presente. É cliente habitual do comerciante nativo que vende objectos do período anterior à guerra, pérolas da extinta cultura norte-americana, aos milionários japoneses que dominam o território. Um dos fabricantes destes produtos é um judeu divorciado que mudou de nome para não ser identificado, e enviado para a Europa para as mãos dos nazis. Despede-se do seu emprego e, sob os augúrios do I Ching, o oráculo da velha sabedoria, procura um novo rumo para a sua vida e acalenta a esperança de reencontrar a ex mulher. Esta, por sua vez, decide fazer-se à estrada em busca do Homem do Castelo Alto, autor de O Gafanhoto será um fardo. Nesta insólita obra de ficção a realidade é totalmente diferente num mundo em que o Eixo perdeu a guerra e os Aliados saíram vitoriosos. 

Este livro é feito de subtilezas. Ao mesmo tempo que lemos acerca da ordem mundial que caracteriza este período de História alternativa, lemos o ponto de vista de personagens que tentam elas próprias viver numa sociedade cheia de tensões sociais e políticas. Quando quase todos tentam ser algo diferente do que aparentam, pode ser demasiado difícil conhecer a verdade. 

Este livro despertou-me sensações contraditórias. Se por um lado adorei e admirei a construção do contexto alternativo da história e a detalhada caracterização emocional e psicológica das personagens, por vezes senti-me perdida na sua espiritualidade e sentido de fatalidade. No entanto, à medida que nos aproximamos do final, o livro prende-nos com a sensação fantástica que algo vai ser revelado, algo vai mudar, algo que é impossível travar porque é tão fatal como se já tivesse acontecido. As páginas finais denunciam o brilhantismo da obra. Recomendo! 

Uma nota para o excelente texto do Nuno Rogeiro, sem dúvida um conhecedor e admirador da obra de Dick. 

O melhor: O final e o Homem do Castelo Alto. 
O pior: Senti-me por vezes perdida nas divagações emocionais/espirituais, principalmente da personagem Tagomi. 


4/5 – Gostei Bastante

3 comentários:

  1. Cat, percebo o "perder-se" nas divagações emocionais/espirituais deste romance do Dick.
    Penso até, que faz parte da escrita dele, esta ambivalência emocional.
    Ao contrário de muitos outros escritores, não é possivel dissociar a obra da experiência de vida do escritor.
    Todas as paranoias e angustias do Dick, a inconstância amorosa, a própria frustração no reconhecimento da sua escrita, estão subtilmente plasmados na sua obra.
    Embora Dick seja um dos meus escritores favoritos, reconheço que não é facil a leitura da sua obra nem entrar naqueles mundos paranoicos, até porque ( tambem) não é um estilista da escrita particularmente dotado.
    E tem quanto a mim três obras notáveis, superiores a este " O homem do Castelo Alto":
    o "Flow my Tears, the Policeman said", traduzido em português para " vazio Infinito", o "A scanner darkly", e o "Ubik", estas ultimas sim, a precisar de edições e traduções competentes para o nosso português.

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  2. A ver se adquiro este livro na Feira do Livro de Lisboa, com um desconto considerável, ou assim. Quero lê-lo!

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  3. Partilho e muito da tua opinião sobre o livro, deixou-me sentimentos contraditórios se por um lado tem coisas muito boas como, o final do livro e conhecermos o Homem do Castelo, tambem tem coisas menos boas e que não ajudam muito para nos cativar.

    Mas fazendo um balanço geral é sem duvidas um excelente livro.

    Vamos ver se a Editora pública mais obras do escritor, aguardemos.

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