Cleo, Helen Brown
A história de uma gatinha que salvou uma família
Páginas: 352
Título original: Cleo: The Cat Who Mended a Family
Editora: Caderno
Sinopse: Helen estava na casa de uma amiga quando recebeu a notícia: Sam tinha acabado de morrer. Ainda pensou que Sam fosse um familiar qualquer distante, mas não, era mesmo o seu Sam, o seu filho mais velho: morreu atropelado, à frente do irmão mais novo. O mundo de Helen começou a ruir. Noites sem dormir, pensamentos suicidas, uma depressão profunda. Enquanto, à sua volta, a família se deixava levar pelo desespero, pelas discussões, pela tristeza infinita de perder um ente querido. Até que um dia bateram à porta. Era uma vizinha, trazia no colo um gato ainda bebé. Helen já nem se lembrava. Um mês antes tinha ido com os filhos ver uma ninhada, e prometera a Sam que lhe daria um dos gatinhos. E ali estava ele, uma impertinente bola de pêlo preto. O seu primeiro impulso foi rejeitar de imediato aquele pequeno intruso. Mas então viu Rob, o seu outro filho, a acariciar o bichano. E pela primeira vez em muito tempo, viu-o sorrir… Cleo tinha chegado a casa. E aos poucos começaria a devolver àquela família a alegria de viver.
Opinião: Este foi um livro que, depois de quase um ano na estante, decidi do nada pegar e ler. E li-o num dia inteiro. Não é seguramente uma grande obra literária, é essencialmente uma história pessoal contada na primeira pessoa pela autora. Mas a leitura avança no ritmo agradável da escrita.
Helen é uma mãe de 2 filhos, de 9 e 6 anos. A sua família, filhos, marido e cadela, vivem numa casa de madeira no topo de uma encosta na capital da Nova Zelândia. As suas vidas são arrasadas quando o filho mais velho, Sam, morre atropelado num acidente, alterando o centro de gravidade de todos os elementos da família. Enquanto Helen se afunda numa depressão profunda, a sua família começa a desmoronar. Na segunda semana após a morte de Sam, a pequena Cleo é entregue em casa de Helen por uma vizinha. A gatinha, a mais pequena e frágil da ninhada, tinha sido escolhida por Sam um mês antes, mas é claro que Helen já não tinha memória desse compromisso, e não tencionava cumpri-lo. Todos na sua família eram amantes de cães, e nada fans de felinos. Cleo era a gata para Sam, mas sem ele, como poderiam adoptar uma gatinha bebé no momento mais negro das suas vidas? A verdade é que foi Cleo quem adoptou a família.
Este livro descreve uma depressão e dor tão profundas que eu creio não conseguir apreender nem à superfície: a perda de um filho. Apesar de toda a comoção associada ao relato real de uma tragédia tão triste, Helen Brown escreve com graça e precisão aquilo que em muitos livros acaba por se tornar numa mera torrente de desespero e depressão que arrasta o leitor. O resultado é uma empatia com a família em sofrimento, e o reconhecimento do desespero que uma situação assim causa num lar, mas sem cair na lamechice e no chorrilho de tristezas. E assim queremos continuar a ler. Ao mesmo tempo, criei imediatamente uma empatia com Cleo, a pequena gata metediça que invade a tristeza destas pessoas, e tem a ousadia de trazer a alegria de novo aos seus corações. Eu própria sou uma amante de gatos. Tenho uma gata comigo, e revi-a em muitas das situações engraçadas e enternecedoras que Cleo protagonizou. Afinal não é só a minha gata que, ao ver-me a ler um livro, considera isso um convite a vir posicionar-se precisamente entre o livro e os olhos da dona (e reclama quando é afastada), e não é só a minha que se sente atraída pelos cantos dos livros pelo que são: excelentes locais para esfregar o focinho e roer.
O início de cada capítulo tem uma frase que caracteriza os felinos, e vi nelas verdadeiras citações da Bíblia dos Gatos, se tal coisa existisse! Expressões como “O verdadeiro nome para um gato é ‘Sua Majestade’” e “É o gato que escolhe o dono, e não o contrário” fizeram-me rir de tão verdadeiras que são. Deliciei-me com as traquinices e a personalidade de Cleo à medida que a família endireitava o seu percurso na vida, e acreditei na força que adveio deste animal de estimação para ultrapassar outros obstáculos que foram surgindo.
No fundo acabei por ficar a gostar ainda mais de gatos! Quando soube que este livro abordava a temática da perda de um filho, temi ficar demasiado triste ao lê-lo, mas acabei por passar mais momentos a sorrir para o livro e até a rir alto (passando vergonhas no comboio, pois claro) do que com sentimentos tristes.
Por outro lado, também temi um livro mais lamechas e pouco rico em conteúdo. Ainda bem que senti o impulso de pegar neste livro!
Fiquei agradavelmente surpreendida com a leveza de discurso e até com o carácter espirituoso com que esta história foi contada. Recomendo para os amantes de gatos, que deliciar-se-ão com as traquinices felinas, mas também para as pessoas que pensam que não gostam de gatos. Talvez mudem de opinião.
Acabo esta opinião como comecei: não é seguramente uma grande obra literária, mas proporcionou-me bons momentos de leitura.
Uma nota final para as fotos pessoais da autora e da família, que vão surgindo, uma por capítulo, que não nos deixam esquecer que se trata de uma história real.
Uma nota final para as fotos pessoais da autora e da família, que vão surgindo, uma por capítulo, que não nos deixam esquecer que se trata de uma história real.
O melhor: Cleo, em todo o seu poderio felino.
O pior: Saber que, apesar de tudo, é uma história real
4/5 – Gostei bastante
Oh, que gatinha tão gira. Por vezes os animais parece que têm sexto sentido e percebem a disposição das pessoas.
ResponderEliminarP.S.: E o patife do meu gato também tem a pancada de esfregar o focinho nos cantos dos meus livros! :P
O teu livro está quase a chegar... ;o) Já estou preparado para dar tiros...! Já estou a imaginar este livro desfeito em buracos monstruosos! LOL Calma! Estou a brincar! É claro que vou ser bonzinho, serei um amigo excepcional para este livro! =D Depois de lido, será devolvido para ti, conforme o teu pedido. De certeza que vou gostar muito. Obrigado.
ResponderEliminarBeijinhos
LOL Guerreiro. Foi enviado hoje, deve chegar-te nos próximos dias! (vou enviar-te por pm o código do registo)
ResponderEliminarEste livro, não sei porquê, senti o impulso de o partilhar assim que o li. Provavelmente foi parte da mensagem de esperança e generosidade da história que me impeliu.
Espero que chegue rápido e que gostes!
beijocas
p7, acho que esta gata era mesmo especial. É verdade, os animais percebem o nosso estado de espírito e por vezes dão conforto tão mais facilmente que os humanos. queria ter postado uma das fotos que vem no livro, do filho mais novo da autora a dormir totalmente relaxado com a gata enrolada nele, mas não a encontrei. É uma foto cheia de paz e carinho.
Uma amiga minha já me tinha dito que os gatos dela fazem o mesmo nos cantos dos livros, quando li neste livro achei tanta piada, e confirmei que é comportamento felino ^^
Mas os gatos são ciumentos, talvez só aqueles cujos donos passam muito tempo com livros é que demonstrem essas chamadas de atenção :P
Esse livro é muito bom, já passei da metade. Estou amando.
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