Bibliofilia: Amor por livros e por ler. O Bibliófilo ama ler e sente devoção pelos livros, colecciona-os e admira-os.

18/11/2010

Duna, Frank Herbert

Duna, Frank Herbert
Editora: Saída de Emergência
Título Original: Dune
Tradutor: Jorge Candeias
Nº Páginas: 576



Tem nas suas mãos aquele que é considerado o melhor romance de ficção científica de sempre. Uma obra que arrebatou a crítica com o estilo poderoso de Frank Herbert e conquistou milhões de leitores com a sua imaginação prodigiosa. Prepare-se para uma viagem que nunca irá esquecer, até um longínquo planeta chamado Arrakis...


Sinopse: O Duque Atreides é enviado para governar o planeta Arrakis, mais conhecido como Duna. Coberto por areia e montanhas, parece o local mais miserável do Império. Mas as aparências enganam: apenas em Arrakis se encontra a especiaria, uma droga imensamente valiosa e sem a qual o Império se desmoronará. O Duque sabe que a sua posição em Duna é invejada pelos seus inimigos, mas nem a cautela o salvará. E quando o pior acontece caberá ao seu filho, Paul Atreides, vingar-se da conspiração contra a sua família e refugiar-se no deserto para se tornar no misterioso homem de nome Muad'Dib. Mas Paul é muito mais do que o herdeiro da Casa Atreides. Ao viver no deserto entre o povo Fremen, ele tornar-se-á não apenas no líder, mas num messias, libertando o imenso poder que Duna abriga numa guerra que irá ter repercussões em todo o Império...

  

Opinião: Confesso que uma das minhas falhas literárias é no género da FC. Para uma junky de filmes de ficção científica desde miúda, nem sei explicar porque é que nunca peguei numa verdadeira obra literária do género. Tratarei de resolver este assunto nas próximas leituras! Para já, comecei com Duna, de Frank Herbert. Aparentemente não poderia ter-me estreado com melhor material, uma vez que este é considerado “O Senhor dos Anéis da Ficção Científica”.

Travei o primeiro conhecimento com o universo de Dune na minha infância. O filme saiu antes de eu ter nascido, mas o VHS passava muitas vezes no vídeo lá de casa. Vi-o a última vez certamente há mais de 10 anos, e já recordava muito pouco da história, além de Arrakis e o Muad’Dib de olhos de profundo azul brilhante. Agora que finalmente li o livro de Frank Herbert que deu origem ao filme (e a diversos jogos, séries de tv, etc) é engraçado ter sentido que aquilo que mais recordava do filme era o que menos importância tem no contexto global do livro. Recordei os excelentes fatos destilatórios, os vermes da areia, o planeta deserto de Duna e as suas dunas, os olhos de profundo azul e as armas de laser, e claro, Muad’Dib. Mas ao recordar todas essas coisas, quase que elas foram afastadas para o segundo plano, à medida que descobria e me perdia no tom épico da história.

A casa Atreides é nomeada o poder governante no inóspito planeta Arrakis. Apesar de ser a única fonte no universo da valiosa especiaria Melange, poucos consideram Duna um destino suportável. Mas a ausência de água, temperaturas abrasadoras numa superfície quase totalmente coberta por areia e rocha e um povo nativo pouco dócil – os Fremen – não constituem o real perigo para a casa Atreides. Começamos por conhecer o jovem Paul Atreides, filho do Duque Leto Atreides e da concubina Jessica, uma Bene Gesserit que teve a ousadia de gerar um filho sem o aval da sua Ordem (e treiná-lo nos seus ensinamentos mentais e físicos). Paul rapidamente se destaca com a sua familiaridade e fácil adaptação à agreste realidade de Arrakis. Quando a conspiração do inimigo mortal, o Barão Harkonnen, se concretiza, Paul e a mãe vêm-se obrigados a recuar para o deserto profundo e a viver entre os fremen. Mas o que surgiu como uma luta pela sobrevivência torna-se um intenso propósito superior a uma simples vingança.

Este livro tem todos os elementos que uma obra literária deve ter. Tem personagens densas e cenários bem construídos. Tem um fio condutor em redor do qual se desencadeia toda a história. Tem as motivações das suas personagens expostas nas suas acções. Tem tragédia, amor, honra e um “motivo maior”. Tem um universo complexo e bem construído. E principalmente, é completamente actual, não esquecendo a data da sua publicação em plenos anos 60 do século passado!
Filosofia, religião, messianismo e propósito. Culto, tragédia, devoção e ecologia. Tudo isto é Duna.

As analogias da cultura nómada árabe na construção dos Fremen, povo do deserto estão bastante bem conseguidas e é um dos factores que torna este livro bastante actual.

Além do ”conteúdo”, este livro está bastante bem escrito. Reconheço que é um estilo pouco vulgar e por vezes difícil, mas é estimulante e compensador ao mesmo tempo. Gostei bastante das introduções a cada capítulo, com as epígrafes em forma dos excertos dos textos literários da Princesa Irulan. Dão profundidade à narrativa e impelem o leitor a querer ler mais.

Esta obra não é perfeita, como nenhuma é. As motivações internas das personagens, sempre totalmente centradas em Muad’Dib, e o tom dos discursos e dos conhecimentos prescientes de Jessica e Paul chegam a ser cansativos no seu tom repetitivo. Mas essa repetição deve-se muito ao facto de termos a visão do pensamento de todas as personagens, mudando o foco com o decorrer da acção.

O melhor romance de Ficção Científica de sempre, dizem eles. "Eles" devem ter lido muitos. Eu só li este, e fiquei totalmente rendida. É uma obra obrigatória.

O melhor: O tom épico de todo o livro
O pior: Já devia ter lido isto há anos!

5/5 - Excelente!

5 comentários:

  1. Estou na mesma condição, embora já tenha lido alguns livros de FC, nenhum me cativou tanto como este.

    Penso que passamos a olhar para este genero literário de outra maneira, pelo menos ficamos com vontade de ler mais.

    E já agora, algo que deves já saber, a SDE já anunciou que vai continuar a publicar o resto dos livros de DUNA, pelo menos os dois seguintes "smile de contente"

    ResponderEliminar
  2. Pois para mim, este grande clássico da Fc,tem como "pontos mais débeis" a inconsistência cientifica do planeta Arrakis, e o "recurso" a determinados "superpoderes", que o aproximam "perigosamente" da fantasia.
    ..Daí talvez o (não tão surpreendente) sucesso que está a ter, junto de leitores mais habituais deste ultimo género.
    Por outro lado, prefiriria que se publicassem hoje em dia os clássicos mais "modernos"( que os há) juntamente com os "menos modernos", para não se correr o risco de estarmos a ler os grandes clássicos deste século no próximo século!!...

    ResponderEliminar
  3. Fiacha,
    Fiquei muito satisfeita com a notícia da publicação da continuação em 2011! :)

    Ubik,
    Entendo perfeitamente o que dizes, relativamente à aproximação à fantasia. Confesso que senti precisamente o mesmo, mas no meu caso, como dizes, foi um factor que me fez gostar do livro.
    Também dei por mim a pensar na impossibilidade de certos conceitos da ecologia de Arrakis, mas como estreante na FC, ainda me deleito mais com a parte de F, mesmo com os erros que possam haver na C =)

    ResponderEliminar
  4. Tal como tu também peco um bocado na leitura de Ficção Cientifica, no entanto com todo o sucesso e criticas positivas (e agora o comentário do Ubik em relação à fantasia, que não me repele mas sim, me puxa) acho que Duna é certamente um livro onde apostar!!!.. E ao contrário do que acontece com muitos dos livros de ficção cientifica não me sinto desconfiada ou pé atrás! =)

    (Gostei muito aqui do teu cantinho)

    Boas leituras,
    Estrela*

    ResponderEliminar
  5. Para leitores "iniciados" na FC, acho-o o livro perfeito. Tem muitos elementos de fantasia, de facto. É uma boa aposta.
    Obrigada, vai passando :)
    Boas leituras

    ResponderEliminar