Bibliofilia: Amor por livros e por ler. O Bibliófilo ama ler e sente devoção pelos livros, colecciona-os e admira-os.

14/05/2011

A Filha do Capitão


A Filha do Capitão, José Rodrigues dos Santos



Nº páginas: 634

Editora: Gradiva (2004)



Sinopse: Tendo como pano de fundo a odisseia trágica da participação portuguesa na Primeira Guerra Mundial, "A Filha do Capitão" conta-nos, num ritmo vivo e empolgante, a comovente história de uma paixão impossível entre um oficial português e uma baronesa francesa.
A história de uma grande paixão em tempo de guerra.
Quem sabe se a vida do capitão Afonso Brandão teria sido totalmente diferente se, naquela noite fria e húmida de 1917, não se tivesse apaixonado por uma bela francesa de olhos verdes e palavras meigas. O oficial do exército português estava nas trincheiras da Flandres, em plena carnificina da Primeira Guerra Mundial, quando viu o seu amor testado pela mais dura das provas. 
Em segredo, o Alto Comando alemão preparava um ataque decisivo, uma ofensiva tão devastadora que lhe permitiria vencer a guerra num só golpe, e tencionava quebrar a linha de defesa dos aliados num pequeno sector do vale do Lys. O sítio onde estavam os portugueses.
O Capitão Afonso Brandão mudou a sua vida quase sem o saber, numa fria noite de boleto, ao prender o olhar numa bela francesa de olhos verdes e voz de mel. O oficial comandava uma companhia da Brigada do Minho e estava havia apenas dois meses nas trincheiras da Flandres quando, durante o período de descanso, decidiu ir pernoitar a um castelo perto de Armentières. Conheceu aí uma deslumbrante baronesa e entre eles nasceu uma atracção irresistível. 
Mas o seu amor iria enfrentar um duro teste. O Alto Comando alemão, reunido em segredo em Mons, decidiu que chegara a hora de lançar a grande ofensiva para derrotar os aliados e ganhar a guerra, e escolheu o vale do Lys como palco do ataque final. À sua espera, ignorando o terrível cataclismo prestes a desabar sobre si, estava o Corpo Expedicionário Português.



Opinião: Tinha algumas expectativas para este livro, com base em opiniões de algumas pessoas cuja opinião valorizo. Estava a espera que este fosse um daqueles romances históricos que tanto aprecio e que me arrebatam, mas isso não aconteceu infelizmente, apesar de globalmente ter gostado do livro. A minha impressão não começou muito positiva... Eu até percebo que o autor tenha pretendido cativar o leitor desde o início com uma escrita elaborada, mas o caso sério de overwriting que este livro apresenta teve em mim o efeito inverso.

Quando consegui adaptar-me à escrita deliberadamente elaborada, demorei cerca de 200 páginas até “entrar” na história. Mais uma vez, eu entendo a estratégia do autor: contextualizar os acontecimentos e apresentar uma série de informação da época e factos históricos, relevantes ou curiosos, mas a maneira descritiva e exaustiva como o faz soou-me terrivelmente enfadonha grande parte do tempo. A melhor parte de ler um romance histórico, a razão pela qual adoro este género, é o facto de aprendermos algo mais sobre esse período ou personagens históricas, sem sentir que estamos a ler um livro de História.

Este recurso à descrição excessiva é sem dúvida uma característica do livro, mas devo dizer que em algumas partes da leitura não foi tão incómodo, e no geral, gostei bastante de absorver todo este conhecimento sobre uma época da História portuguesa sobre a qual não leio muito. Não foi a descrição em si que me incomodou neste livro, mas sim a maneira como foi escrita e introduzida, claramente com o objectivo de informar o leitor e sem brilho (vulgo info-dump).
Quanto à narrativa, acho que a história está repleta de constantes crescendos sem concretização, e que este livro é demasiado longo e o ritmo teria facilmente beneficiado de menos 200 páginas.

Mas nem tudo foi negativo, adorei as expressões regionais dos soldados portugueses e a sua relação com os “boches” e os “bifes”. A verdade é que acabei por me sentir cativada pelo destino dos personagens, e considero que a parte mais interessante do livro é a que descreve o posicionamento das tropas portuguesas na Flandres, e as suas relações com os franceses e os ingleses. Dei por mim a querer ler sempre mais sobre a vida nas trincheiras e sobre os pobres e resmungões soldados portugueses, sobre Afonso e Agnès.
No entanto, precisamente por esta parte ter sido mais satisfatória, achei o final totalmente anticlimático. É um livro bastante pretensioso, quer a nível de escrita, quer de história, mas que na minha opinião falhou a concretização por demasiado esforço. Ficou claramente aquém do que esperava.


O melhor: Aprendi mais sobre a participação portuguesa na I Guerra Mundial, a as expressões regionais dos soldados portugueses.

O pior: Overwriting vs infodump


3/5 – Gostei.




PS: Ufa, habemus blogger! :D

3 comentários:

  1. Ah que cena... também tenho este para ler, e toda a gente dizia tão bem. É que também abomino info-dumps e overwriting. :P Enfim...

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  2. É o único livro que tenho do autor cá em casa, mas confesso que não tenho qualquer vontade de o ler. O tamanho também não ajudará, mas acima de tudo é o autor que não desperta em mim curiosidade alguma.

    E a crítica parece manter neutra esta minha vontade, por isso vou deixá-lo adormecido na minha estante durante muito tempo :)

    Boas leituras!

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  3. Slayra, o que eu acho overwriting há quem tenha achado escrita maravilhosa, por isso... lol.

    Tiago, apesar de não sentir nenhuma vontade de ler os livros do JRS no seu estilo mais thriller, tinha uma certa curiosidade em relação a este livro do autor, por ser romance histórico. Acho que fechei o tasco para este autor :P

    Como disse, eu própria tinha lido muito boas opiniões do livro, por isso não se vão só pela minha :P

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