Bibliofilia: Amor por livros e por ler. O Bibliófilo ama ler e sente devoção pelos livros, colecciona-os e admira-os.

14/01/2013

Life of Pi


Autor: Yann Martel

Nº páginas: 356

Editora: Seal Books

Primeira edição: 2001


Sinopse (da edição portuguesa): Publicado em Portugal pela Difel em 2003, A Vida de Pi valeu a Yann Martel o Man Booker Prize de 2002, entre outros prémios, e figurou como bestseller do New York Times durante mais de um ano. Sete anos após a primeira edição, a obra ocupa a 74ª posição no top de ficção da Amazon americana e o 99º lugar na tabela de vendas da amazon inglesa. A Vida de Pi encontra-se publicada em mais de 40 países.

Quando Pi tem dezasseis anos, a família decide emigrar para a América do Norte num navio cargueiro juntamente com os habitantes do zoo. Porém, o navio afunda-se logo nos primeiros dias de viagem. Pi vê-se na imensidão do Pacífico a bordo de um salva-vidas acompanhado de uma hiena, um orangotango, uma zebra ferida e um tigre de Bengala. Em breve restarão apenas Pi e o tigre.



Opinião: Comprei a edição portuguesa deste livro há uns 3 anos, ou mais. Não consigo encontrar a razão pela qual sempre fui adiando a sua leitura ao longo do tempo, mas este é um daqueles casos em que senti um profundo arrependimento por não o ter lido há mais tempo. A verdade é que tenho de agradecer a Hollywood por ter decidido fazer uma adaptação do livro, uma vez que foi esse o empurrão que precisava para pegar neste livro. 

Pi Patel é um menino indiano que passa a infância e parte da adolescência em convivência com os animais selvagens que vivem em cativeiro no Zoo de Pondicherry, na Índia. Até ao dia em que os pais decidem emigrar para o Canadá, levando consigo num cargueiro a maioria dos animais para realojar em zoológicos do norte da América. O cargueiro acaba por naufragar ainda na fase inicial da viagem, reunindo-se num bote salva-vidas os únicos sobreviventes da tragédia: uma zebra, um orangotango, uma hiena, um tigre de Bengala e Pi.

Filho de pais metódicos e pouco religiosos, Pi é um menino curioso e estudioso, além de profundamente sensível ao comportamento animal e à natureza humana. Pi chega aos seus 16 anos professando não só a religião hindu, comum entre o seu povo e na sua família, como também o cristianismo e o Islão, sem considerar que nenhuma das religiões contraria as outras.

O facto de uma pessoa tão profundamente religiosa escolher para si próprio (o seu nome verdadeiro é Piscine) o nome de um símbolo matemático é um detalhe delicioso desta personagem fascinante e invulgar. 

Na verdade, considero que todo este livro me cativou principalmente pela personagem de Pi. Um miúdo brilhante, inteligente e culto, sempre desejoso de aprender e incrivelmente corajoso, além de espirituoso. 

Além disso, é um livro incrivelmente bem escrito.A voz do autor é deslumbrante, cativante desde o primeiro minuto, mesmo nas partes mais aborrecidas e descritivas do livro. Ao longo da obra, e não deixando de me surpreender durante a narrativa, Yann Martel fez-me soltar gargalhadas ao longo do livro, tão frequentemente como as suas detalhadas descrições do quotidiano num bote salva-vidas e do sofrimento dos seus habitantes me fizeram ranger os dentes e pensar "por favor, já chega, é demais". Quase consegui sentir o calor sufocante, o sal a corroer-me a pele e a tensão territorial lidando com o tigre, mas logo a seguir ria-me com uma qualquer saída espirituosa do querido e corajoso Pi. 

Não há muito mais formas de descrever esta história além de dos clichés "enorme luta pela sobrevivência", "belíssima metáfora espiritual", "história de coragem e resistência" e "busca espiritual e religiosa". Mas há muito mais que se pode dizer sobre este livro. 

Yann Martel agarrou-me ao destino das suas personagens e deliciou-me com a sua escrita fantástica, ao mesmo tempo bela, simples e desarmante, com passagens inspiradoras, e por vezes até cruas e aterrorizantes. Como se não fosse suficiente, quando achava que já tinha esta história definida na minha cabeça e sabia para onde ela me levava, fui arrebatada pelo final, quando este livro me retirou o tapete de debaixo dos pés. E isso foi o melhor de tudo. Como leitora, que mais poderia esperar de um livro?

O melhor: A escrita, Pi e Richard Parker

O pior: Algumas partes cansativas no auge da jornada de Pi, mais aborrecidas.

5/5 - Excelente!

6 comentários:

  1. Cat, fiquei ainda mais desejosa de ler o meu exemplar *.*

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  2. Também eu! Ignorei este livro durante anos e anos, e se não fosse o filme ainda não tinha pegado nele. É absolutamente genial, e aquela escrita, aquele miúdo!! Não há palavras.

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    1. Jen entendes-me! *abraça*
      Tive grandes dificuldades em escrever a minha opinião, e ainda assim não dá para expressar como o livro mexe connosco. É como dizes: a escrita, o miúdo!

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    2. *abraça de volta*
      É mesmo... este é um daqueles livros que não dá para explicar exactamente o nível de awesomeness, e quando tentamos sai algo do género: ASKHKJHDFJGASDJF!! TÊM DE LER!! TÊM DE!! e as outras pessoas: mmmm... vou pensar no assunto, e nós: NÃO! TEM DE SER JÁ!!! PORQUE O PI, E O RICHARD PARKER E OMD A ILHA!! *outras pessoas afastam-se lentamente de nós*

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    3. O Richard Parker! <3 O meu próximo gato vai chamar-se assim, fica aqui registado na internet que nada apaga.

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