Duna, Frank Herbert
Editora: Saída de Emergência
Título Original: Dune
Tradutor: Jorge Candeias
Nº Páginas: 576
Tem nas suas mãos aquele que é considerado o melhor romance de ficção científica de sempre. Uma obra que arrebatou a crítica com o estilo poderoso de Frank Herbert e conquistou milhões de leitores com a sua imaginação prodigiosa. Prepare-se para uma viagem que nunca irá esquecer, até um longínquo planeta chamado Arrakis...
Sinopse: O Duque Atreides é enviado para governar o planeta Arrakis, mais conhecido como Duna. Coberto por areia e montanhas, parece o local mais miserável do Império. Mas as aparências enganam: apenas em Arrakis se encontra a especiaria, uma droga imensamente valiosa e sem a qual o Império se desmoronará. O Duque sabe que a sua posição em Duna é invejada pelos seus inimigos, mas nem a cautela o salvará. E quando o pior acontece caberá ao seu filho, Paul Atreides, vingar-se da conspiração contra a sua família e refugiar-se no deserto para se tornar no misterioso homem de nome Muad'Dib. Mas Paul é muito mais do que o herdeiro da Casa Atreides. Ao viver no deserto entre o povo Fremen, ele tornar-se-á não apenas no líder, mas num messias, libertando o imenso poder que Duna abriga numa guerra que irá ter repercussões em todo o Império...
Opinião: Confesso que uma das minhas falhas literárias é no género da FC. Para uma junky de filmes de ficção científica desde miúda, nem sei explicar porque é que nunca peguei numa verdadeira obra literária do género. Tratarei de resolver este assunto nas próximas leituras! Para já, comecei com Duna, de Frank Herbert. Aparentemente não poderia ter-me estreado com melhor material, uma vez que este é considerado “O Senhor dos Anéis da Ficção Científica”.
Travei o primeiro conhecimento com o universo de Dune na minha infância. O filme saiu antes de eu ter nascido, mas o VHS passava muitas vezes no vídeo lá de casa. Vi-o a última vez certamente há mais de 10 anos, e já recordava muito pouco da história, além de Arrakis e o Muad’Dib de olhos de profundo azul brilhante. Agora que finalmente li o livro de Frank Herbert que deu origem ao filme (e a diversos jogos, séries de tv, etc) é engraçado ter sentido que aquilo que mais recordava do filme era o que menos importância tem no contexto global do livro. Recordei os excelentes fatos destilatórios, os vermes da areia, o planeta deserto de Duna e as suas dunas, os olhos de profundo azul e as armas de laser, e claro, Muad’Dib. Mas ao recordar todas essas coisas, quase que elas foram afastadas para o segundo plano, à medida que descobria e me perdia no tom épico da história.
A casa Atreides é nomeada o poder governante no inóspito planeta Arrakis. Apesar de ser a única fonte no universo da valiosa especiaria Melange, poucos consideram Duna um destino suportável. Mas a ausência de água, temperaturas abrasadoras numa superfície quase totalmente coberta por areia e rocha e um povo nativo pouco dócil – os Fremen – não constituem o real perigo para a casa Atreides. Começamos por conhecer o jovem Paul Atreides, filho do Duque Leto Atreides e da concubina Jessica, uma Bene Gesserit que teve a ousadia de gerar um filho sem o aval da sua Ordem (e treiná-lo nos seus ensinamentos mentais e físicos). Paul rapidamente se destaca com a sua familiaridade e fácil adaptação à agreste realidade de Arrakis. Quando a conspiração do inimigo mortal, o Barão Harkonnen, se concretiza, Paul e a mãe vêm-se obrigados a recuar para o deserto profundo e a viver entre os fremen. Mas o que surgiu como uma luta pela sobrevivência torna-se um intenso propósito superior a uma simples vingança.
Este livro tem todos os elementos que uma obra literária deve ter. Tem personagens densas e cenários bem construídos. Tem um fio condutor em redor do qual se desencadeia toda a história. Tem as motivações das suas personagens expostas nas suas acções. Tem tragédia, amor, honra e um “motivo maior”. Tem um universo complexo e bem construído. E principalmente, é completamente actual, não esquecendo a data da sua publicação em plenos anos 60 do século passado!
Filosofia, religião, messianismo e propósito. Culto, tragédia, devoção e ecologia. Tudo isto é Duna.
As analogias da cultura nómada árabe na construção dos Fremen, povo do deserto estão bastante bem conseguidas e é um dos factores que torna este livro bastante actual.
Além do ”conteúdo”, este livro está bastante bem escrito. Reconheço que é um estilo pouco vulgar e por vezes difícil, mas é estimulante e compensador ao mesmo tempo. Gostei bastante das introduções a cada capítulo, com as epígrafes em forma dos excertos dos textos literários da Princesa Irulan. Dão profundidade à narrativa e impelem o leitor a querer ler mais.
Esta obra não é perfeita, como nenhuma é. As motivações internas das personagens, sempre totalmente centradas em Muad’Dib, e o tom dos discursos e dos conhecimentos prescientes de Jessica e Paul chegam a ser cansativos no seu tom repetitivo. Mas essa repetição deve-se muito ao facto de termos a visão do pensamento de todas as personagens, mudando o foco com o decorrer da acção.
O melhor romance de Ficção Científica de sempre, dizem eles. "Eles" devem ter lido muitos. Eu só li este, e fiquei totalmente rendida. É uma obra obrigatória.
O melhor: O tom épico de todo o livro
O pior: Já devia ter lido isto há anos!
5/5 - Excelente!