Bibliofilia: Amor por livros e por ler. O Bibliófilo ama ler e sente devoção pelos livros, colecciona-os e admira-os.

11/09/2013

Estante à Quarta (46)

(imagem daqui)

09/09/2013

Queen Hereafter

A novel of Margaret of Scotland

Autora: Susan Fraser King

Editado por: Broadway Books (2010)

Nº de páginas: 354

Editado Originalmente: Crown (2010)

Sinopse: The story of Margaret, the Hungarian-born Saxon princess who married Malcolm Canmore, King of Scots, bringing reform and foreign ways to Scotland—Queen Hereafter is also a tale of Margaret’s friendship and rivalry with Eva, a Scottish harper, and Eva’s kinswoman, the former Queen Gruadh, known as Lady Macbeth.





Opinião: Uma das rainhas mais relembrada da Escócia, a rainha Margarida é uma importante personalidade histórica e religiosa das Grã-Bretanha. Chamada Rainha Santa, canonizada pelo Vaticano e aclamada na Escócia, deixou um importante legado e a sua memória sobrevive ainda hoje, em nomes de localidades, igrejas e escolas. É nos anos de juventude desta rainha que se centra este livro, desde a sua chegada não programada às costas da Escócia com a mãe e os irmãos, até aos primeiros anos do seu casamento com Malcolm III da Escócia. 

Edgar of Wessex, herdeiro ao trono de Inglaterra, vive na corte inglesa com a mãe Agatha e as irmãs Margaret e Cristina. Edgar viveu toda a sua vida em exílio na Europa, e sendo menor de idade e sem condições para governar numa época atribulada, é protegido por Harold II, que assume o governo de Inglaterra até à coroação do jovem Edgar. Com a invasão normanda da Inglaterra, Harold é morto por William, o Conquistador, que usurpa o trono, não deixando outra alternativa ao herdeiro Edgar, e à sua família senão fugir de terras inglesas. O barco em que viajam tem destino a Europa continental, mas uma tempestade (natureza, destino ou providência) arrasta os fugitivos para fora de rota, atirando-os para a porta do Rei Malcolm III da Escócia. Malcolm vive com alguns problemas no seu próprio reino. Tendo morto em batalha os anteriores reis, assumiu o trono de um país dividido entre si, além dos confrontos com Inglaterra. Os senhores do Norte não assumem abertamente rebelião, mas demonstram má vontade para com o Rei, mantendo-se fieis à viúva e mãe dos anteriores reis, Lady Mcbeth. Esta planeia enviar a sua neta, Eva, uma bardo de talento extraordinário e enorme beleza, para a corte de Malcolm, para que esta a informe acerca da nova rainha, e dos planos do rei para o norte do reino. 

Com estas duas facções no seio do reino da Escócia surgem duas personagens que vão guiar o rumo deste livro: Margaret, esposa do Rei Malcolm, lidando de perto com a guerra com os Normandos em Inglaterra, a luta do irmão para retomar o trono e a sua própria luta religiosa interior; e Eva, uma jovem com a missão de lutar pela independência cultural e religiosa de uma Escócia que absorve as influências inglesas da nova rainha. 

Conhecemos estas duas mulheres num capítulo inicial que corresponde à parte final do livro. Eva está presa, Margaret confronta-a com as suas acções e tomamos conhecimento de uma amizade profunda que foi traída, e de um julgamento religioso que se aproxima. O resto do livro conta-nos como ambas chegaram a este ponto. 

Foi uma leitura que me entusiasmou bastante. Adorei a voz da autora e a maneira como introduziu os elementos históricos na narrativa, incluindo pequenos detalhes acerca de Margaret (como as duas tranças loiras sob o véu branco, como é frequentemente retratada, os locais onde passou ou fez obra e que hoje têm o seu nome, a amizade com o monge que viria a ser o seu confessor e os responsável pela documentação da sua biografia, etc). Este detalhe e profundidade da personagem fizeram-me simpatizar com esta rainha religiosa. Por outro lado, a jovem e nobre Eva é também ela uma personagem cativante e interessante. O melhor elogio que posso fazer à maneira como a autora mostrou os pontos de vista destas duas mulheres, é que fez-me não saber por quem torcer no desenrolar dos acontecimentos e do futuro da Escócia, de tal forma ambas as causas me cativaram. No final de tudo, a História determina o final do livro, mas a maneira como lá cheguei manteve-me agarrada à leitura.

Este livro tinha quase tudo para ser uma leitura perfeita para mim, mas achei que faltou algum acontecimento trágico, uma drama emocional ou físico, uma parte mais emocionante que envolvesse as personagens antes do fim. Creio que a autora tentou fazê-lo, mas para mim não foi muito bem conseguido, e acabou por ser um pouco anti-climático. Gostava também que a personagem de Eva tivesse mantido até ao final mais do seu carácter e postura de bardo, e saber um pouco mais sobre esta importante figura da cultura celta. Inesperadamente, fiquei muito curiosa em relação à personagem histórica da esposa e rainha de Mcbeth,  e talvez leia o livro que acabei por descobrir que a autora tem, dedicado a ela.

Em suma, é um belo romance histórico, bem escrito e com personagens cativantes e uma história bem contada. Recomendo, sobretudo a fãs do género. 


O melhor: As personagens Margaret e Eva. A forma como a autora conseguiu incluir os factos históricos na personalidade e destino das personagens. 

O pior: A ausência de um verdadeiro climax na história. 


4/5 - Gostei bastante

04/09/2013

Estante à Quarta (45)



(visto aqui)

03/09/2013

Letters from Skye

Autora: Jessica Brockmole

Publicado por: Ballantine Books (Julho 2013)

Nº de páginas: 304

Sinopse: A sweeping story told in letters, spanning two continents and two world wars, Jessica Brockmole’s atmospheric debut novel captures the indelible ways that people fall in love, and celebrates the power of the written word to stir the heart.

March 1912: Twenty-four-year-old Elspeth Dunn, a published poet, has never seen the world beyond her home on Scotland’s remote Isle of Skye. So she is astonished when her first fan letter arrives, from a college student, David Graham, in far-away America. As the two strike up a correspondence—sharing their favorite books, wildest hopes, and deepest secrets—their exchanges blossom into friendship, and eventually into love. But as World War I engulfs Europe and David volunteers as an ambulance driver on the Western front, Elspeth can only wait for him on Skye, hoping he’ll survive.
June 1940: At the start of World War II, Elspeth’s daughter, Margaret, has fallen for a pilot in the Royal Air Force. Her mother warns her against seeking love in wartime, an admonition Margaret doesn’t understand. Then, after a bomb rocks Elspeth’s house, and letters that were hidden in a wall come raining down, Elspeth disappears. Only a single letter remains as a clue to Elspeth’s whereabouts. As Margaret sets out to discover where her mother has gone, she must also face the truth of what happened to her family long ago.


Opinião: A história divide-se entre duas linhas temporais distintas, contada pelas cartas trocadas entre duas gerações de mulheres cujas vidas foram interrompidas pela guerra. Começamos por conhecer Elspeth, uma poeta escocesa que vive e sempre viveu na isolada Ilha de Skye, no norte da Escócia, e David, um jovem e boémio estudante universitário norte-americano. A distância de dois mundos entre estas duas pessoas torna-se insignificante em cada volta do correio, em cartas onde partilham autores e livros favoritos, confidências e sonhos pessoais, numa troca de correspondência que se mantém, mesmo no auge da Primeira Guerra Mundial. Em correspondência datada de algumas décadas mais tarde, em plena Segunda Guerra Mundial, conhecemos Margaret, filha de Elspeth, que acaba se de apaixonar por um piloto da Força Aérea Britânica, e que não entende a reticência da mãe em aprovar um romance nascido no seio de uma guerra. 

Este livro chegou-me electronicamente às mãos, totalmente por acaso. Estava a pesquisar títulos de livros no catálogo do NetGalley, quando o nome Skye me chamou a atenção, e fiz o pedido para me ser enviada uma cópia do e-book antes da publicação do livro. Não sabia absolutamente nada acerca do enredo do livro, uma vez que apenas li a sinopse até ao ponto em que me confirmou que a história envolvia de facto a minha ilha escocesa favorita (a única que visitei, sejamos honestos). Dois meses depois, passeando pelo Goodreads em busca da minha leitura seguinte, verifiquei que a minha adorada Juliet Marillier tinha gostado do livro, e comparava-o a um outro que eu própria adorei: A Sociedade Literária da Tarde da Casca de Batata, de Mary Ann Shaffer and Annie Barrows. 

Portanto, além da aprovação da minha querida Juliet, este livro continha elementos-chave para mim: romance epistolar, período histórico da Segunda Guerra Mundial, e Escócia. Como não gostar? E a verdade é que gostei. Fui cativada imediatamente pela primeira carta de David, e assim continuei até à última de todas, que quase me fez chorar. Com os mesmos remetente e destinatário, essas duas cartas, separadas por décadas e vidas inteiras, não podiam ser mais diferentes. Entre estas duas cartas há uma belíssima história de amizade, destino e sentimentos profundos que surgem como se sempre estivessem lá estado. Há cartas divertidas e cartas sérias, que relatam felicidade e guerra, e cartas mundanas de rotinas e novidades, e mesmo no meio de desgraças um tom espirituoso que me fez sorrir. 

Em todas as cartas há uma voz particular da personagem que a escreve. Quantas vezes saltei o cabeçalho com data e local, ansiosa por chegar ao texto, e sabia de imediato de quem e para quem era a carta, quase como se fosse um filme e ouvisse a voz do actor a ler a carta em voz alta, e visse a imagem do destinatário a lê-la.

A dada altura na leitura achei que a história se ia focar unicamente no lado romântico, e fui agradavelmente surpreendida com uma complexidade inesperada na narrativa, com dilemas e situações envolvendo outras personagens secundárias, e até um pouco de mistério, à medida que Margaret se esforça por entender o passado e a origem das cartas da mãe. 

Este não é um livro brilhante nem uma história extraordinária. Nem sequer tem no tema ou no cenário algo de particularmente original. No entanto, algo neste livro é genuíno e tocante, e está escrito duma forma cativante, que demonstra o talento da autora para nos fazer gostar das personagens que estamos a seguir. O facto de lermos a sua correspondência e nada mais, sem outro narrador que não as cartas que estas personagens enviaram, permite-nos seguir esta história quase em suspenso, como se ansiássemos também nós pela carta seguinte, com o desenrolar dos acontecimentos. Ao mesmo tempo, as cartas estão realisticamente escritas, o que implica por vezes a menção de acontecimentos passados entre as personagens, que não sendo descritos nas cartas entre ambos, deixam o leitor ansioso por descobrir o como e o porquê.  

Achei o tom das cartas simplesmente delicioso, e senti saudades dum tempo em que seres humanos comunicavam desta forma entre si. Se tivesse nascido nesse tempo seria algum dia capaz de escrever cartas tão espirituosas e marcantes? Manter uma correspondência tão frequente e sólida? Dificilmente. Porque afinal de contas trata-se de um livro de ficção, e tal como qualquer bom livro que se preze, quase nos faz desejar que as suas personagens sejam verdadeiras e a sua história seja real. 

Ideal para quem gosta de romances epistolares, mas não só, este foi uma leitura que me deu bastante gozo e que fico contente por tão casualmente a ter descoberto. 

O melhor: A personagem de Elspeth e a busca de Margaret.

O pior: A personagem do noivo de Margaret, sub desenvolvida, como se apenas para criar um destinatário para as suas cartas.


4/5 - Gostei bastante


30/08/2013

The Ocean at the End of the Lane

Autor: Neil Gaiman

Publicado por: Headline Review (2013)

Nº de páginas: 248

Sinopse: THE OCEAN AT THE END OF THE LANE is a fable that reshapes modern fantasy: moving, terrifying and elegiac - as pure as a dream, as delicate as a butterfly's wing, as dangerous as a knife in the dark, from storytelling genius Neil Gaiman. 

It began for our narrator forty years ago when the family lodger stole their car and committed suicide in it, stirring up ancient powers best left undisturbed. Dark creatures from beyond the world are on the loose, and it will take everything our narrator has just to stay alive: there is primal horror here, and menace unleashed - within his family and from the forces that have gathered to destroy it. 

His only defense is three women, on a farm at the end of the lane. The youngest of them claims that her duckpond is ocean. The oldest can remember the Big Bang.

Opinião: Este é daqueles livros acerca dos quais me é difícil escrever uma opinião. Primeiro surge o meu historial Neil Gaiman:

- Dois livros do autor lidos (Deuses Americanos e A Estranha Vida de Nobody Owens), ambos com pontos muito positivos a salientar mas sem me terem deixado realmente fã; 
- Devoção ao autor da parte de amigos e colegas bibliófilos;
- Uma simpatia pessoal muito grande pelo autor e pela sua postura online (nomeadamente no twitter) e offline, em particular em relação aos fãs e tudo relacionado com livros no geral.

Depois surge o historial que incentivo à leitura deste The Ocean at the End of the Lane:

- Um inacreditável hype em redor do livro e do autor semanas antes e depois da publicação;
- Opiniões de pessoas maravilhadas com o livro;
- Capa bonita! (também conta, e foi o que me fez comprar o hardcover em Londres quando o vi ao vivo)

Feita esta contextualização, espero que compreendam melhor quando digo que este era um livro que eu adorava ter adorado. Pelo autor em si, pela simpatia que lhe tenho, e todo o reconhecimento que tem, Neil Gaiman é um autor do qual eu quero (desesperadamente) gostar, mas que de alguma forma fico sempre um furo abaixo de conseguir. 

The Ocean at the End of the Lane é um livro pequeno que foi lido rapidamente (principalmente para o meu ritmo preguiçoso de Verão e sol), devido quer ao ritmo ao qual os acontecimentos se sucedem, quer à prosa do autor, da qual gostei bastante. Tendo em conta o ponto de vista de um menino, era muito fácil falhar no tom da narrativa, no entanto Neil Gaiman conseguiu tornar a sua voz cativante e inocente, sem ser demasiado infantil. Gaiman é, afinal de contas, um autor de muitas obras infantis de sucesso. 

Foi por isso uma surpresa (ou não), quando ao chegar ao fim deste livro me encontrei perdida. A verdade é que não sabia se tinha gostado ou não. Sim, vi-me envolvida na história enquanto a lia, mas nada dela ficou em mim depois de ter terminado o livro. Apesar de reconhecer que está bem escrito (o tom nostálgico do livro é palpável e sem dúvida intencional), nem personagens, nem história, nem escrita me marcaram particularmente. Este é mais um livro de Neil Gaiman que eu tenho de admitir ter pontos bastantes positivos e um conceito interessante, mas que simplesmente não é para mim. 

Apesar de admitir que os seus livros não me cativam sobremaneira, não ouso afirmar que é um mau escritor. Ainda que não me sinta particularmente cativada, tenho a sensibilidade suficiente para perceber que escreve de forma fantástica e domina completamente a prosa que lhe sai das mãos. Todo o aclamado "génio do autor", que identifiquei em livros anteriores, não resulta comigo. Ou ainda não li o livro certo. Como sou teimosa e como já disse, tenho uma simpatia por este autor, vou continuar a tentar. Faço uma nota mental que a escrita do autor em si me agrada mais de livro para livro (o primeiro foi lido em português, o segundo metade tradução, metade original, e o terceiro no original), portanto no futuro manter-me-ei pelas versões originais.

Assim sendo, não recomendo nem deixo de recomendar este livro. Recomendo sim, que o leitor curioso faça o seu próprio juízo desta obra e deste autor, e espero honestamente que resulte com outros leitores como não resultou comigo. 

O melhor: A escrita que transparece a nostalgia e melancolia, de um adulto que recorda a sua infância como uma parte da sua vida que não pode recuperar. As mulheres Hempstock. 

O pior: Falta de empatia com personagens e história. 


2/5 - Está OK. 


28/08/2013

Estante à Quarta (44)


Acolhedor cantinho de leitura. 

(imagem daqui)

23/08/2013

White Rose Rebel



Autora: Janet Paisley

Editora: Viking (2007)

Nº de páginas: 391

Publicado originalmente: Penguin/Viking (2007)

Sinopse (da edição portuguesa): Numa época em que a guerra civil dividia a nação, Anne acreditou que podia bater-se com os melhores guerreiros. Pela espada. Por convicção. Por paixão. A Rosa Rebelde conta-nos a fascinante e turbulenta história de uma notável figura histórica, Lady MacIntosh, que ficou conhecida como coronela Anne. Foi uma heroína das Terras Altas da Escócia, uma encantadora rebelde, uma Braveheart que arriscou tudo, incluindo a sua vida, por amor ao seu país e ao seu rei. Fruto de uma cuidada investigação histórica, e com notável mestria, Janet Paisley criou uma extraordinária história de amor, conflito, lealdade e traição que se lê compulsivamente. Uma sensual aventura histórica, repleta de emoção, protagonizada por uma heroína apaixonada e irresistível.




Opinião: Mais um livro lido no âmbito da minha leitura temática sobre a Escócia. Esta é a história da personagem histórica Anne Farquharson, uma mulher de espírito guerreiro e independente, que ficou conhecida por liderar tropas e o seu povo nas Highlands escocesas contra os exércitos ingleses na revolta Jacobita de 1745. 

Parti para esta leitura entusiasmada com o contexto histórico do livro, que me cativou desde o primeiro momento. Esta fase da História e cultura escocesas, os Clãs escoceses e os territórios das Highlands, que conhecia, mas acerca da qual ainda não tinha lido nenhuma obra, foi-me apresentada com personagens bem caracterizadas e interessantes, num cenário bem construído, tão credível como cativante. 

Foi por isso com alguma estranheza que dei por mim a afastar-me do entusiasmo inicial à medida que fui avançando na história. Não consigo bem explicar o que não gostei. Mais do que elementos precisos, foi a maneira global como a história se desenrolou e as decisões e atitudes da personagem principal, a rebelde Anne. A maneira desapontante como o romance foi desenvolvido é, no entanto, um factor que consigo identificar sem hesitação. 

Se "pôr o dedo na ferida" em relação aos pontos negativos deste livro é difícil, consigo facilmente identificar o que me fez gostar desta história. Primeiro de tudo, isso mesmo: a História. Este é um romance histórico firmemente construído em redor dos factos históricos (nem todos o são), e fruto de pesquisa competente e uma capacidade de contar História de forma interessante. Isso nota-se na escrita e no desenrolar dos acontecimentos, nos diálogos e nas personagens principais e secundárias. E claro, como em todos os livros desta minha leitura temática, o fascínio pela Escócia manifesta-se uma vez mais ao ler sobre aqueles locais, aqueles nomes, povo e cultura. 

Tenho consciência que algumas das surpresas e comportamentos das personagens que me fizeram torcer um pouco o nariz à narrativa são factos reais e históricos dessas mesmas personagens. O comportamento errático e imprevisível das pessoas em contexto de guerra e rebelião terá sido precisamente o que fez com que estas personagens reais ficassem marcadas na História da Escócia e Inglaterra, e portanto não tenho como "culpar" a autora, quando a veracidade histórica foi precisamente um dos factores que valorizei. 

Durante todo o livro senti-me dividida nos meus sentimentos em relação a Anne, alternando entre admiração e irritação. Mas foi sem dúvida muito interessante ler acerca de uma mulher guerreira, mas também bonita e inteligente, uma heroína independente numa época em que ainda existia uma sociedade matriacal, antes da influência do cristianismo se espalhar também pela Escócia. 

Não estranhamente, a empatia com a personagem central da história reflecte-se na opinião global do livro, e passei um livro inteiro sem conseguir decidir se estava a adorar ou simplesmente a gostar da leitura, e algum tempo depois de o ter lido continuo sem saber. É sem dúvida uma leitura agradável e um bom romance histórico, mas faltou algo para me agarrar completamente. 


O melhor: O contexto histórico, a história de uma mulher guerreira e independente que ficou na História. 

O pior: A maneira como o romance e a história pessoal entre Anne, Aeneas e McGillivray foi explorada. 

3/5 - Gostei

17/07/2013

Bibliofilia pelo Mundo (VIII) - The Royal Society Library




Biblioteca da Royal Society, em Londres. Visita à Summer Science Exibition

16/07/2013

Top Ten Tuesday - 10 Autores que Merecem Mais Reconhecimento


Rubrica Top Ten Tuesday, originalmente publicada no blog The Broke and the Bookish.

O tema desta semana é Autores que merecem mais reconhecimento. É sempre relativo falar de reconhecimento de um autor. Falamos de crítica especializada? Popularidade no meio? Vendas de livros? Nomeadamente nos géneros de fantasia e ficção científica, um autor pode ser bastante reconhecido nesse nicho, ser premiado, mas ser completamente desconhecido do público em geral. Por outro lado, há autores que se tornam bastante populares e publicam best-sellers, mas permanecem afastados dos prémios literários e pouco valorizados pela crítica. Neste top, vou considerar meramente autores que considero bons autores, e que sinto que são pouco conhecidos fora do meu círculo pessoal de bibliófilos e bloggers. Basicamente aqueles autores que eu não consigo parar de recomendar, e/ou desencadeiam em mim a reacção "como assim, nunca ouviste falar deste autor?!".


1. Guy Gavriel Kay. Considero um autor fantástico, apesar de, e com vergonha, apenas ter lido um livro seu (por favor não me tirem o Cartão de Fã). Os Leões de Al-Rassan tornou-se um dos meus livros favoritos de sempre, por aliar elementos como ficção histórica ao mais alto nível, fantasia, excelente enredo, personagens apaixonantes e uma prosa fantástica. Apesar de ser bastante conhecido nos EUA e no Canadá (o seu país natal), não posso deixar de recomendar este que considero um dos autores mais underrated da actualidade.




2. Juliet Marillier. Alguém que frequente este blog só de vez em quando já se apercebeu da minha adoração por aquela que é a minha autora mais querida. Apesar de começar a ser mais conhecida em Portugal e não só, devido aos seus últimos livros YA, fico sempre frustrada por este aumento de popularidade se dever mais a uma moda literária actual do que às suas obras maravilhosas publicadas anteriormente. O seu nome é bastante conhecido dentro de alguns círculos, mas sonho com o dia em que esta adorada mestre seja reconhecida o suficiente para constar nos tops de vendas e de popularidade, ao lado de grandes contadores de histórias de fantasia (e que então possa escrever o que quer, e não o que lhe é imposto pelas editoras).



3. Markus Zusak. Este senhor escreveu um livro sublime, sobre a guerra, sentimentos, livros e a Morte. The Book Thief, ou A Rapariga que Roubava Livros, em português, é um livro que toda a gente que gosta de livros devia ler. É tocante e brilhantemente escrito, e apesar de constar nas listas de livros favoritos de leitores, não vende cópias suficientes para me deixar satisfeita. O filme do livro está em pré-produção, por isso suponho que a partir de 2015 este reconhecimento se concretize


4. Anne Bishop. Um pouco como a minha querida Juliet, esta é uma autora que me enche as medidas como poucos. Autora de uma trilogia (e vários livros-satélite) tão negra e pesada como arrebatadora, pode-se dizer que Anne Bishop e as suas Jóias Negras não são para todos os gostos, e compreendo o porquê. Mas ainda assim, e principalmente agora que obras de sucesso começam a trazer leitores e espectadores para fora da zona de conforto, espero sempre que seja reconhecida mais globalmente, ou pelo menos no nicho do género fantástico.





5. Noah Gordon. O Físico, deste autor, foi um dos melhores romances históricos que eu já li. Constitui uma vívida viagem ao passado, diferentes culturas e seus conhecimentos e religiões. Diversos dos seus livros chegaram a ser publicados em Portugal pela Bertrand (em edições que deixaram muito a desejar) mas hoje em dia os seus livros estão descontinuados e são muito difíceis de encontrar. A edição da (saudosa) Biblioteca da Revista Sábado permitiu-me adquirir esta obra pelo euro mais bem gasto de sempre.





Não consigo lembrar-me de dez autores, mas quero deixar uma Menção Honrosa.

Actualmente não lhe falta popularidade a nível mundial, mas alguns de vocês lembram-se do tempo, circa 2007-2008, em que recomendavam George R. R. Martin e as suas Crónicas de Gelo e de Fogo a todos os amigos e conhecidos.


O seu nome está em todos os tops de vendas, e deixou de ser um nome reconhecido pela crítica  e pelos leitores de fantasia, para ser o autor top nos Estados Unidos. É provavelmente um dos autores mais requisitados da actualidade e não tenho qualquer dúvida que é, pelo menos, o autor ao qual os seus leitores mais facilmente associam a cara, devido à enorme exposição mediática que tem tido.
A série de tv Game of Thrones foi provavelmente a melhor coisa que lhe aconteceu os últimos anos, mas sem dúvida que posso dizer o mesmo dos milhões de leitores que através dela descobriram livros inesquecíveis e, muitos até, o prazer da leitura (O pequeno hipster dentro de nós sorri condescendentemente face ao entusiasmo de novos fãs).


10/07/2013

Estante à Quarta (43)


(imagem daqui)

02/07/2013

Top Ten Tuesday - Top 10 Livros Intimidantes


Rubrica Top Ten Tuesday, originalmente publicada no blog The Broke and the Bookish.

O tema desta semana é Livros Intimidantes. Seja pelo seu tamanho, pelo tema, por toda a gente gostar haver o receio que não se vai gostar, etc. Achei o tema muito interessante, tanto que tive de refazer a lista, porque tinha demasiados livros! Tirando o primeiro gigante, excluí todos os grandes clássicos da literatura, que por si só fariam duas listas. Aqui ficam os livros que me intimidam, sem ordem particular:




Os Miseráveis, Victor Hugo. Demorei *anos* para começar a ler este livro, e apesar de já ter lido o primeiro volume inteiro e até ter gostado bastante, continuo a sentir-me intimidada por esta grande obra. Não é apenas pelo número de páginas (era essa a desculpa que dava a mim própria, mas comparei com algumas obras de fantasia ou romances históricos e não é muito maior do que alguns livros que já li!), mas também pela densidade da obra. O facto de ser um consagrado clássico da literatura e ter sido adaptado inúmeras vezes em diversos formatos e ser amado e odiado pelo mundo fora. Terminei o primeiro volume e deixei em suspenso porque me disseram que o segundo volume é o mais difícil de ler. Terei de encontrar coragem!



North and South, Elizabeth Gaskell. Este foi-me recomendado tantas, mas tantas vezes por pessoas cuja opinião valorizo imenso, e quero muito lê-lo. Mas e se não gostar? E se a versão inglesa que tenho for demasiado datada para conseguir disfrutar o livro? E também não é pequeno.


Gone With the Wind. Adorava ler este livro, quero lê-lo há anos, mas passa-se exactamente o mesmo que com o livro anterior: leio em português numa tradução duvidosa ou arrisco no original? 



The Wheel of Time, Robert Jordan. Muitos consideram a saga máxima da fantasia, outros afirmam estar ultrapassada por sagas posteriores. Se ao mesmo tempo sinto que deveria ler este marco da fantasia, temo que vá concordar com as opiniões que afirmam que a saga perde interesse, principalmente para quem já leu muita fantasia moderna.


Catcher in The Rye, J. D. Salinger. Sendo quase impossível de encontrar a tradução em português, já tinha decidido ler este clássico da literatura americana no original, até alguém me ter dito que não gostou muito, porque sentiu que lhe escapavam detalhes importantes na escrita, por recurso a calão americano da época. Como se a fama do livro não fosse suficientemente intimidante, por isso lá vou adiando...



O Senhor dos Anéis, J. R. R. Tolkien. Sim, este mesmo. Li apenas A Irmandade do Anel há anos e gostei bastante da história mas a escrita do Tolkien não me cativou. Talvez tenha sido da tradução, mas mais uma vez, temo não apanhar todas as subtilezas da escrita original se ler em inglês. Depois de passar uma década a adorar os filmes e tudo relacionado, tenho pavor de pegar nos livros originais e não adorar. Por via das dúvidas vou adiando.




William Shakespeare, qualquer obra. Adoro todas as passagens que vou lendo das suas peças, mas nunca tive coragem de pegar e ler a obra inteira.



Seer of Sevenwaters and Flame of Sevenwaters, Juliet Marillier. Adoro a Juliet, é a minha autora mais querida e os livros da trilogia Sevenwaters ainda são dos meus favoritos de sempre. Por essa razão, esta segunda trilogia enche-me de sentimentos contraditórios de alegria e medo. Principalmente depois de ter lido O Herdeiro de Sevenwaters e não ter sido ao nível dos 3 primeiros. Mas como poderá qualquer livro chegar a esse nível? Por outro lado, Juliet escreve como ninguém, e ler qualquer coisa escrita por ela é sempre uma delícia. Tenho medo de continuar a ler os seus livros e de deixar de gostar da autora.


Dracula, Bram Stoker. Dispensa apresentações. Quero ler este livro, e tenho aquele feeling que vou gostar, mas temo que isso não aconteça.




Malazan Book of the Fallen, Steven Eriksson. Como fã de fantasia, quero há muito ler esta aclamada série, mas as opiniões que me instigam a ler também me revelam uma obra densa e complexa, por vezes difícil de ler. Sem tradução para português, vou esperando ganhar coragem para pegar nesta saga.

24/06/2013

Guia Kindle para Totós - parte II

(continuação do post anterior)

Parte I





Parte II






5. Leitores
Passemos agora à interface física dos e-books. Os e-readers (ou leitores de e-books), dispositivos que nos permitem efectivamente ler os livros digitais, como toda a tecnologia, têm evoluído grandemente nos últimos anos. Longe vão os tempos em que ler um livro digital implicava horas de tortura ocular em frente a um monitor de computador.

Hoje em dia, com a tecnologia e-ink que é comum a todos os e-readers dignos desse nome, a experiência de leitura num deles é em quase tudo como ler um livro. Já expliquei neste post as características dos novos kindles que considero determinantes para uma satisfatória experiência de leitura, e que revolucionaram o mercado dos livros digitais. Aqui limito-me a resumir (muito) as características dos equipamentos.


5.1. O meu kindle. O Kindle 4 é o que chamo o modelo low cost da Amazon. Aquele que é o modelo mais básico e limitado do segmento dos novos kindles, tendo na leitura o seu foco principal. 


  • Ecrã de aproximadamente 15 cm de tecnologia e-ink pearl, em tons de cinza, optimizada para leitura, com tipos e tamanhos de letra adaptáveis e rápida mudança de página;





  • Interface com 5 botões intuitivos (incluindo botão de navegação) e botões "página seguinte" e "página anterior" de ambos os lados do aparelho;

  • Cabo USB para carregar o dispositivo ou transferir conteúdo;

  • Conectividade por WiFi, a redes públicas ou privadas, para actualização de software, transferência de livros, aceder a conteúdo ligado aos livros, partilhar/publicar actualizações ou notas, sincronizar com outros dispositivos ou aplicações kinde;

  • Funcionalidades como:

- Criação de colecções ou categorias para organização da biblioteca digital, ou simples organização por título, autor, data, etc.,

- Acesso instantâneo a dicionários que permitem ler o significado de palavras sem ter de sair do livro,

- Adição de marcadores de página ao longo do livro, para fácil acesso mais tarde (o kindle memoriza a ultima página lida),

- Possibilidade de sublinhar ou marcar passagens que se considerem interessantes, e partilhá-las,

- Possibilidade de adicionar notas pessoais, que podem ser partilhadas com todos os leitores kindle do livro em questão,

- Sincronização de leitura com outros dispositivos em que se esteja a ler o mesmo livro (telemóvel, pc, etc),

- Pesquisa em todo o equipamento, nos títulos e autores e no conteúdos dos livros,

- Índices que permitem navegar no documento por capítulos e localizações específicas,

- Barra de percentagem de leitura (com correspondência real com o número de página da edição impressa do livro)


  • Bateria que dura cerca de 4 semanas com o WiFi sempre desligado. Na minha utilização, e já um ano de desgaste de bateria depois, a duração actual da bateria do meu kindle é de 3 semanas;

  • Capacidade de cerca de 1.45Gb. Tenho actualmente cerca de 270 livros no meu kindle, e ainda há espaço para mais.

  •  Peso e dimensões, segundo dados da Amazon: 165.75 mm x 114.5 mm x 8.7 mm e 170 gramas. 

  • Peso e dimensões, segundo eu: Suficientemente pequeno para uma excelente portabilidade, e suficientemente grande para uma leitura confortável, sendo o ecrã sensivelmente do tamanho de um livro de bolso. Ultra leve.



5.2. Os modelos mais recentes apresentam novas funcionalidades e características mais modernas, mantendo a essencial e-ink do ecrã. Dessas importantes inovações destaco duas:

5.2.1 O ecrã táctil, que permite uma navegação muito mais optimizada, seguindo a tendência dos dispositivos portáteis mais actuais. Opções como zoom, selecção de palavras ou mesmo de livro tornaram-se mais fáceis e intuitivas. O avançar ou retroceder de página é feito nas extremidades do ecrã ao invés de utilizar botões físicos no dispositivo. Tecnicamente, esta tecnologia touch utiliza uma rede de sensores uma camada do ecrã superior à camada responsável pela tecnologia e-ink, não a afectando.




5.2.2. A iluminação do ecrã, mantendo também a funcionalidade touch no ecrã. Aquele que era considerado por muitos leitores o elemento que faltava para o e-reader perfeito surgiu finalmente: luz. Numa tecnologia diferente da iluminação que conhecemos dos telemóveis e tablets, estes novos e-readers apresentam retro-iluminação sem reflexos e sem brilho. Na prática, esta nova forma de iluminação de ecrã significa que as lâmpadas LED de baixo consumo iluminam o ecrã em si, e não a cara do utilizador. A luz não é emitida para fora do dispositivo, mas sim para dentro, de forma a evitar a agressão dos olhos e a vista cansada, que é o maior pesadelo dos leitores e que foi desde sempre foi um dos entraves à leitura electrónica. Vemos o texto iluminado, mas não o brilho da luz, que é reflectida de volta para o interior. Como é natural, os modelos com luz dos principais distribuidores mantêm a tecnologia touch.




5.2.3. Kindle 4 vs Novos modelos

Com as vantagens dos novos modelos surgiram também alguns (pequenos) inconvenientes.

A generalidade dos utilizadores considera que os modelos touch proporcionam uma mais fácil e rápida utilização da interface do dispositivo, no geral, uma utilização mais satisfatória. No entanto, a maior crítica continua a ser a ausência de botões físicos para mudar de página. No kindle 4 e anteriores a posição dos botões de passagem de página é perfeita, podendo o utilizador manter o dedo a mesma posição e pressionar à medida que lê. Nos modelos touch, não só não pode manter o dedo no mesmo local enquanto lê, como avança ou retrocede inadvertidamente com apenas um toque (por exemplo a mudar de posição da mão).
(Imagens daqui)

Quanto aos modelos retro-iluminados, a esmagadora vantagem de poder ler no escuro é o ponto mais positivo. Particularmente popular é a experiência de leitores que gostam de ler na cama, pela noite dentro, e que assim o podem fazer tranquilamente sem perturbar o parceiro. Outro ponto positivo é o facto da inclusão de lâmpadas não comprometer a longa duração da bateria do dispositivo, tendo-se atingido o tempo record de 2 meses (!) com mínima utilização da luz, ou 1 mês de uso intensivo da mesma. As principais críticas (além da mesma questão dos botões físicos) ao Kindle Paperwhite foram uma iluminação irregular do ecrã (menos iluminado nas extremidades, ainda que em zonas sem texto), e impossibilidade de desligar a iluminação completamente.

Pessoalmente, considero que o Kindle Paperwhite (e os seus equivalentes concorrentes) é o melhor equipamento para ler e-books do momento. Tem todas as vantagens dos livros digitais e ultrapassou (quase) todas as desvantagens que não sejam "o toque e o cheiro dos livros físiscos". Com a sua iluminação pouco agressiva, há quem considere ainda mais confortável para os olhos do que ler um livro físico à luz de um candeeiro.

O factor preço acaba por ser o principal inconveniente do Kindle Paperwhite ($139) face ao Kindle 4 ($89). Como em todas as compras ponderadas, para decidir há que ter em conta as necessidades do utilizador.

Para um utilizador casual, um leitor que quer apenas ler pelo prazer de ler, quem quer dar uma primeira oportunidade aos e-books ou um cliente limitado pelo orçamento, o kindle 4 é a solução indicada e que cumpre perfeitamente as necessidades, com a vantagem do preço reduzido.

Para um utilizador mais exigente, alguém que considera essencial a iluminação do ecrã ou o ecrã táctil, ou alguém que quer iniciar-se nos livros digitais com a melhor experiência possível, a diferença de preço vale a pena para ter um equipamento superior. Deixo aqui (em castelhano e em inglês) comparações bastante completas entre os dois modelos da Amazon.

Comparando com os principais concorrentes do Kindle, o NOOK e o Kobo, considero que os equipamentos são bastante equivalentes em cada um dos segmentos. A principal diferença que pode determinar a escolha é relativa ao conteúdo, limitações de DRM, etc, e que fica ao critério de cada um avaliar.

O Kindle 4 é o único modelo "básico" das três principais concorrentes a permanecer no mercado. Modelos anteriores ao NOOK Touch e Kobo Touch foram descontinuados. A Amazon manteve o popular Kindle 4, mas descontinuou o Kindle Touch, que foi substituído pelo Kindle Paperwhite. 

Kindle vs Tablets, um aparte
Até agora não inclui nas minhas comparações aqueles que são também eles líderes de mercado nos e-books: os tablets. Kindle Fire e NOOK HD permitiram às respectivas empresas manter-se no comboio da competição com os iPads da Apple e outros tablets. Cada um destes equipamentos pode ser utilizado para ler livros, pela instalação de aplicações compatíveis com os diversos formatos de e-books. Não os incluí, porque mais uma vez, é importante ter em consideração as necessidades de utilização quando se adquire um dispositivo destes, ou simplesmente se avalia a sua utilidade.
Para utilizadores que incluem nas suas preferências a leitura de publicações gráficas como revistas, jornais ou artigos científicos e mesmo comics ou graphic novels, os e-readers não são a melhor opção. Apesar dos formatos serem suportados e inclusive se tenham resolvido problemas de compatibilidade (nomeadamente no kindle em relação aos formatos de banda desenhada), e dos distribuidores venderem periódicos nas suas lojas online, um leitor a preto e branco desenhado e optimizado para ler livros de texto corrido é o ideal para... ler livros. Para as restantes opções de leitura, ou para alguém que quer ter um equipamento mais versátil, e cujas necessidades vão além de ler livros (utilização de internet, composição de textos, imagens, etc), recomendaria sem hesitação um tablet em vez de um e-reader. 

6. Kindle em Portugal.

6.1. Comprar um Kindle em Portugal. Apesar de existirem algumas excepções, o kindle compra-se online. Há três pontos a ter em conta ao comprar um kindle:

- Comprar dos E.U.A. Para quem quer comprar um kindle e vive num dos países com versão nacional da Amazon (uk, fr, it, es, etc) basta aceder ao respectivo site e iniciar o processo de compra e entrega em mão. Para o resto do mundo, como os residentes em Portugal, o mesmo processo tem de ter lugar através do site norte-americano e site-mãe, Amazon.com.

- Contabilizar despesas de envio. Comprar seja o que for na Amazon.com implica que a encomenda tenha origem nos Estados Unidos, e como tal, implica o pagamento de despesas alfandegárias, e o kindle não é excepção. Segundo uma simulação recente as despesas associadas ao envio variam entre 30 e 40€, valor com o qual se deve contar ao planear uma encomenda.

- Verificar que o modelo em questão está disponível para envio para Portugal. Apesar da compra ser feita pelo site americano, não significa que qualquer produto possa ser enviado para o nosso país. Limitações legais e comerciais são os principais motivos que podem levar a Amazon a limitar a venda dos kindles para os diversos países. Quer o kindle 4 como o Kindle Paperwhite demoraram cerca de 3 meses a ficarem disponíveis em Portugal, mas o Kindle Fire HD, por exemplo, só agora se pode comprar, quase 2 anos depois do lançamento do primeiro modelo.


6.2. Kobo em Portugal

Conforme expliquei aqui, é fácil adquirir livros do catálogo da Amazon, mas a oferta de livros em português é inexistente bastante reduzida, e a maioria são livros em português do Brasil.

Em contrapartida, desde que o Kobo é vendido em Portugal através da Fnac, o catálogo de e-books em português tem aumentado bastante, tendo algumas editoras começado a apostar, devagarinho, mas cada vez mais, em edições digitais dos seus livros.

Tendo em conta que esses livros em português são vendidos em formato .epub, compatível com o Kobo mas não com o Kindle, e que evitando encomendas online e gastos de envio, se pode facilmente adquirir um Kobo na Fnac mais próxima, considero que para os utilizadores portugueses a melhor opção actual será optar por um Kobo. Em adição, a Fnac está com reduções bastante atractivas nos preços dos Kobo.

** ADENDA **

Sempre atenta, a Célia chamou a minha atenção para o facto de actualmente algumas editoras portuguesas terem adicionado os seus livros ao catálogo da Amazon, possibilitando assim o acesso directo para os leitores de kindle a livros recentes em português. 


6.3 IVA dos E-books em Portugal

Em Portugal, o IVA dos livros físicos pertence ao escalão de IVA reduzido de 6%, no entanto, a versão digital dos mesmos livros é taxada pelo escalão máximo de 23%. Em Janeiro de 2012, a França e o Luxemburgo foram os primeiros países a determinar uma escala de IVA reduzida para os e-books, de 7% e 3% respectivamente, mas esta deliberação chocou com os entraves legais da Comissão Europeia. Bruxelas considera que uma redução fiscal tão significativa nos e-books causa distorções de concorrência no seio da União, favorecendo os países dominantes e desfavorecendo os restantes. 

A Amazon.uk tem os seus clientes de e-books no Reino Unido, mas está registada legalmente no Luxemburgo, usufruindo dessa forma da redução fiscal associada ao livros digitais, enquanto a sua concorrência nacional é obrigada a taxar os livros a uma taxa superior. 

Esta imposição legal da Comissão Europeia de equiparar as taxas de IVA dos 25 países, por um lado evita a dominância de grandes distribuidores como a Amazon, mas por outro perpetua uma inflação dos preços dos e-books em relação aos seus equivalentes físicos. Em Portugal pretende-se baixar o IVA dos e-books, tendo esta questão feito parte do Orçamento de Estado para 2013, mas a determinação caiu por terra com  a decisão da Comissão Europeia.

Apesar de reconhecer que a situação legal actual dá origem a uma discriminação digital, face ao livro físico, Bruxelas remete uma discussão do tema para depois do final deste ano. 

Uma discussão semelhante surge também nos Estados Unidos, onde em alguns estados os e-books não sao taxados de todo, tornando claro que as regulamentações legais ainda não acompanham o crescimento do mercado digital.


** FIM DA ADENDA **

7. Acessórios para Bibliófilos


Porque ter-me rendido aos e-books não fez de mim uma ex-bibliófila, continuo a ter um fraquinho por tudo o que é acessórios de leitura, incluindo leitura digital.

Alguns são essenciais para o leitor digital, como as luzes de leitura ou as capas protectoras, incluindo as que são perfeitas para quem não se consegue separar do livro físico mesmo lendo e-books.





Outros acessórios práticos incluem capas à prova de água, ideais para a uma leitura na piscina ou na praia, livre de acidentes, ou suportes mãos-livres para ler sem cansar os braços. Para quem quiser personalizar o seu kindle, as opções são diversas, com as skins que se colam no dispositivo.




(fonte)

8. A minha experiência kindle

Como pode parecer óbvio, a minha experiência kindle tem sido bastante positiva e é fácil de perceber pela quantidade de posts sobre o assunto que vou fazendo por aqui. Volto a remeter para este post o resumo do início da minha experiência com os livros digitais, mas a aventura vai continuando, com constantes novidades, notícias, novas tecnologias e avanços, que fazem com que a experiência nos e-books seja algo em constante desenvolvimento. Há quem diga que os readers dedicados têm fim à vista, mas de uma forma ou de outra prevejo que eu e os livros digitais vamos continuar juntos por muito tempo.
Principalmente, o kindle permitiu-me aumentar e diversificar as minhas leituras, e permite-me ler livros em qualquer hora e qualquer lugar, e isso é o mais importante.

20/06/2013

Guia Kindle para Totós - parte I


Oh não, outro post sobre o kindle.
Eu sei, eu sei, muita tinta (electrónica ou não) já correu acerca de e-readers e e-books, e provavelmente para a maioria dos leitores este post traz pouca coisa de novo. Mas na semana passada coube-me a missão de converter um resistente a e-books num kindle-lover. Não que tenha sido um processo difícil, mas enquanto explicava tudo o que sei sobre e-books a alguém que quase nada sabia, dei por mim sem saber como organizar e melhor explicar tanta informação. A verdade é que hoje em dia, com tanta informação na internet, é por vezes difícil filtrar essa informação e começar totalmente do zero sem se ficar confuso. 

Para os info-excluídos como um dia fui, aqui fica uma espécie de guia "explica-me como se eu tivesse 5 anos". Não sendo nenhuma autoridade no assunto dos livros digitais, este post é basicamente um resumo da aprendizagem que eu própria levei a cabo, e sem dúvida que muita coisa ficará por dizer ou por corrigir, e convido-vos a fazê-lo. Falo do kindle, porque foi o meu equipamento de eleição, mas naturalmente alguma informação aplica-se a e-readers em geral.


Parte I





Parte II









Começando pelo início... 

1. O que é um e-book? Livro electrónico, ou livro digital, inicialmente a sua definição consistia na versão digital de um livro impresso. Hoje em dia existem livros que são publicados em formato digital sem nunca terem sido impressos, alargando a definição a  publicações de livros em formato digital de obras textuais ou gráficas, que são lidos através de um dispositivo electrónico (tradução livre da wikipedia).

(fonte)

Se ganhasse um livro de cada vez que alguém me pergunta se os e-books que leio são digitalizações de livros impressos, provavelmente já teria mais livros na minha estante do que e-books (não tenho!). Apesar de existirem livros digitais que são meras digitalizações, essa realidade está actualmente ultrapassada quando falamos de e-books comerciais de obras facilmente acessíveis. Ainda se digitalizam livros, nomeadamente publicações antigas, edições históricas e raras, mas arriscaria dizer que a maioria dos e-books que são lidos são fruto de conversões. Essas conversões podem ser levadas a cabo através de digitalizações que depois são submetidas a softwares que convertem as imagens em texto; ou simplesmente copiadas e inseridas manualmente como qualquer outro texto. Publicações actuais, cujo próprio livro impresso existe em formato digital, necessitam meramente de converter o texto num formato passível de ser lido num e-reader.





Essa  conversão implica técnicas específicas de paginação, formatação, inclusão de índices e hiperligações e introdução de dados descritivos digitais da obra (metadados). Em adição à informação digital básica que constitui um e-book, muitas edições começam a incluir conteúdos extra, como imagens, hiperligações específicas na internet, etc.



2. Adquirir e-books. Como seria de esperar, os e-books são adquiridos online. Cada um dos grandes fabricantes e vendedores de leitores digitais está associado a um catálogo online de livros (físicos e digitais). Mencionando os principais, a Amazon vende o seu Kindle, a Barnes & Noble o Nook, e em Portugal a Fnac vende o Kobo. Resumindo a aquisição de livros em 3 opções:





2.1. Adquirir livros utilizando a conta no respectivo site e comprar os livros online, sendo estes entregues via wireless assim que se ligar o leitor à internet, por WiFi ou 3G. Há livros pagos e livros gratuitos, e os preços vão desde os 99 cêntimos  ao preço de um hardback, milhares de títulos à distância de um clique.

2.2. Utilizar catálogos de livros gratuitos como o Projecto Gutemberg, que disponibiliza gratuitamente e em diversos formatos livros cujos direitos de autor já pertencem à Humanidade, as chamadas obras em domínio público. Este site conta já com 4 décadas de funcionamento e foi um dos pioneiros na divulgação e liberalização dos livros digitais. 

2.3. A internet. Certo, ambas as opções anteriores fazem parte da internet, mas essas são as opções legais e oficiais. Não preciso de elaborar, pois não? Não tenho na minha posse dados estatísticos precisos, mas arrisco afirmar que mais de 90% dos livros que procuro em inglês se encontram facilmente perdidos nos meandros da internet. À distância de vários cliques e alguns minutos de espera, conversões de melhor ou pior qualidade, mas é uma opção popular. 



Um aparte em relação aos preços dos e-books 
Pelas razões enumeradas mais acima, nem sempre a versão digital de uma obra é a mais barata, pelo contrário e indo contra tudo o que parece lógico ao leitor/consumidor. Não tenho conhecimento de causa suficiente na indústria para afirmar o porquê, mas neste artigo do CEO de uma editora, ele afirma que os custos físicos de impressão e distribuição dos livros impressos não representa uma fatia tão grande das despesas de produção de um livro como se poderia pensar. Segundo ele, a publicação de um e-book mantém as mesmas despesas associadas a um livro impresso (direitos de autor, traduções, revisões, design gráfico, marketing, despesas legais, etc, etc), com a adição de despesas consideráveis com a "produção digital" que referi acima, desenvolvimento dos ficheiros em termos de compatibilidade com os diversos modelos de e-readers, adição de tecnologia DRM e provavelmente mais. 
Há quem defenda que mesmo tendo em conta todas estas despesas, os e-books poderiam ser mais baratos, caso as distribuidoras e editoras baixassem a margem de lucro. Muita coisa se poderia dizer em relação aos lucros em e-books da gigante Amazon, por exemplo, mas isso fica para outra altura. Quer se acredite quer não nas explicações oficiais, a verdade é que, de modo geral, os e-books não são muito mais baratos (são algumas vezes mais caros) do que as suas versões impressas. 



3. Formatos e conversões.
Existem dezenas de formatos de e-books, optimizados para diferentes leitores e tipo de livros. As diferenças técnicas entre eles são extensas, mas pouco relevantes para o utilizador comum de e-readers, por isso vou referir-me apenas aos que considero mais importantes.




3.1. PDF. De modo geral, o formato PDF é o mais o conhecido, aquele com o qual a maioria de nós está mais familiarizado. Há anos utilizado para transportar e partilhar documentos, este formato não editável é de certa forma o menos interactivo e menos prático quando se trata de um livro. É ideal para documentos como artigos científicos e jornalísticos. Apesar do seu cariz estático não favorecer a leitura em e-readers, o facto de poder ser lido em quase todos os equipamentos móveis e computadores (incluindo o Kindle, Kobo e Nook) constitui uma enorme vantagem.

3.2. Mobi. Formato exclusivo do Kindle da Amazon (na verdade o formato Amazon engloba vários ficheiros e uma série de formatos que foram evoluindo desde os primeiros kindles, mas por comodidade e porque na verdade não faz diferença chamemos apenas .mobi)

3.3. EPub. Formato de e-books mais global e versátil actualmente. Com a excepção do Kindle da Amazon, (quase) todos os e-readers lêem formato .ePub.

3.4 Converter e-books. Tendo o software adequado, é virtualmente possível converter qualquer formato de e-book noutro. No entanto, para o leitor comum que pretende converter um livro para o seu leitor, os ficheiros deverão ter condições específicas para que a conversão resulte num livro aceitável. É, por exemplo, possível converter .pdf para .mobi, no entanto é provável que o livro fique desconfigurado, uma vez que são formatos muito diferentes e conteúdos organizados em princípios distintos. Uma maior probabilidade de sucesso surge na interconversão entre formatos .mobi e .epub, mais parecidos, e é algo que leitores pelo mundo fora fazem com facilidade.



Um dos programas mais utilizados para converter ebooks é o Calibre, mas é muito mais do que um conversor de e-books. Com o Calibre posso manter uma biblioteca sincronizada com o meu kindle, organizar os livros em colecções, adicionar e alterar os metadados dos livros, e muito mais. Existem plug-ins que adicionam funcionalidades ao software, nomeadamente mecanismos específicos de remoção de DRM que entram em cena quando nos surge isto:

(fonte)


4. DRM: O que é, implicações, como ultrapassar.

Digital Rights Management (Gestão de Direitos Digitais em português), vulgo DRM, esta tecnologia é controversa desde o início. Criada para controlar a cópia e distribuição de obras digitais após a sua compra, alguns defendem que a sua eficácia anti-pirataria é reduzida, ao mesmo tempo que constitui um atentado à livre circulação de conhecimento e propriedade intelectual. Todos nos lembramos, algures na década dos anos 2000, de quando passámos a não conseguir fazer cópias dos CDs de música que comprávamos ou dos jogos de PC emprestados pelos nossos amigos. A infame mensagem "This disk cannot be copied" chegou a causar-me crises de ansiedade por uns tempos, até eventualmente surgir uma solução obscura para adquirir o mesmo produto por outras vias.
Tem sido este o caminho dos sistemas de DRM, como quase tudo no mundo da internet, é ultrapassado, reinventado, até à seguinte quebra.

O que significa para os e-books? Basicamente, o mesmo que significa para qualquer obra digital comprada online, seja cinema, música ou livros. Actualmente, quase todos os livros vendidos online são portadores de tecnologia de DRM. As tecnologias variam, mas as implicações são gerais:

- A compra do e-book implica o seu envio para os dispositivos associados à conta, com um número limite de cópias/dispositivos;

- A cópia e/ou conversão para outro formato ou dispositivo estão bloqueadas (nada de emprestar livros aos amigos sem partilhar a própria conta);

- O distribuidor tem o poder e o direito legal de, a qualquer momento e quando o considerar justificável, aceder remotamente ao dispositivo e remover as obras adquiridas (já aconteceu o próprio dispositivo ser bloqueado ao utilizador, no mais-ou-menos recente caso Amazon-gate, e a Barnes & Noble reserva-se o direito de bloquear o acesso aos e-books se o cartão de crédito associado à conta caducar, mesmo tendo em conta que os livros já foram pagos);



(fonte)
Em suma, pode-se afirmar que ao comprar um livro com DRM, o livro não é efectivamente meu, pois pode ser-me retirado pelo vendedor a qualquer momento. Tecnicamente e conforme descrito nos seus termos e condições que ninguém lê, a Amazon nem sequer vende e-books, vende o acesso ao mesmo, e esse pode ser revogado. Mas mais uma vez, quando há vontade e talento, surgem soluções, e para combater esta noção tão estapafúrdia para criaturas que vivem do sentimento de posse de livros, a internet ajuda. 

Existem diversos tipos de DRM e, numa era de tecnologia sempre em mudança, (acho que) todos podem ser ultrapassados de alguma forma, se se souber como. Basta uma rápida pesquisa na internet para encontrar soluções acessíveis para o leitor que deseja partilhar um livro com um amigo ou simplesmente fazer uma cópia de segurança de uma obra pela qual pagou. 

Há quem diga que é uma questão de tempo até o DRM em e-books ser abandonado, e que seria uma medida positiva para a indústria, com vantagens para leitores, editoras e autores. A gigante editorial Tor anunciou no ano passado que todos os seus e-books seriam vendidos sem tecnologia DRM, e um ano depois, os resultados são positivos. Em Portugal, foram aprovados dois projectos de lei que se pretende que venham a constituir a base legal para permitir que utilizadores façam cópias dos seus conteúdos digitais, e impedir que livros em domínio público sejam protegidas por DRM.



Do outro lado da barricada, um instituto alemão está a desenvolver uma nova tecnologia de DRM que em vez de procurar impedir a cópia, altera activamente o conteúdo do texto (!) de cada vez que o ficheiro é copiado, de forma a poder rastrear o utilizador original, que partilhou a obra. Desta forma o utilizador pensará duas vezes antes de partilhar o ficheiro, com receio de ser identificado 


Pessoalmente, creio que irão surgir sempre formas de contornar as limitações de circulação de obras, e que de facto o livre acesso aos conteúdos digitais pode significar ganhos consideráveis para a indústria. Até lá, socorrer-nos-emos da internet quando for preciso. 



(Continuação aqui)