Nº páginas: 634
Editora: Gradiva (2004)
Sinopse: Tendo como pano de fundo a odisseia trágica da participação portuguesa na Primeira Guerra Mundial, "A Filha do Capitão" conta-nos, num ritmo vivo e empolgante, a comovente história de uma paixão impossível entre um oficial português e uma baronesa francesa.
A história de uma grande paixão em tempo de guerra.
Quem sabe se a vida do capitão Afonso Brandão teria sido totalmente diferente se, naquela noite fria e húmida de 1917, não se tivesse apaixonado por uma bela francesa de olhos verdes e palavras meigas. O oficial do exército português estava nas trincheiras da Flandres, em plena carnificina da Primeira Guerra Mundial, quando viu o seu amor testado pela mais dura das provas.
Em segredo, o Alto Comando alemão preparava um ataque decisivo, uma ofensiva tão devastadora que lhe permitiria vencer a guerra num só golpe, e tencionava quebrar a linha de defesa dos aliados num pequeno sector do vale do Lys. O sítio onde estavam os portugueses.
O Capitão Afonso Brandão mudou a sua vida quase sem o saber, numa fria noite de boleto, ao prender o olhar numa bela francesa de olhos verdes e voz de mel. O oficial comandava uma companhia da Brigada do Minho e estava havia apenas dois meses nas trincheiras da Flandres quando, durante o período de descanso, decidiu ir pernoitar a um castelo perto de Armentières. Conheceu aí uma deslumbrante baronesa e entre eles nasceu uma atracção irresistível.
Mas o seu amor iria enfrentar um duro teste. O Alto Comando alemão, reunido em segredo em Mons, decidiu que chegara a hora de lançar a grande ofensiva para derrotar os aliados e ganhar a guerra, e escolheu o vale do Lys como palco do ataque final. À sua espera, ignorando o terrível cataclismo prestes a desabar sobre si, estava o Corpo Expedicionário Português.
Opinião: Tinha algumas expectativas para este livro, com base em opiniões de algumas pessoas cuja opinião valorizo. Estava a espera que este fosse um daqueles romances históricos que tanto aprecio e que me arrebatam, mas isso não aconteceu infelizmente, apesar de globalmente ter gostado do livro. A minha impressão não começou muito positiva... Eu até percebo que o autor tenha pretendido cativar o leitor desde o início com uma escrita elaborada, mas o caso sério de overwriting que este livro apresenta teve em mim o efeito inverso.
Quando consegui adaptar-me à escrita deliberadamente elaborada, demorei cerca de 200 páginas até “entrar” na história. Mais uma vez, eu entendo a estratégia do autor: contextualizar os acontecimentos e apresentar uma série de informação da época e factos históricos, relevantes ou curiosos, mas a maneira descritiva e exaustiva como o faz soou-me terrivelmente enfadonha grande parte do tempo. A melhor parte de ler um romance histórico, a razão pela qual adoro este género, é o facto de aprendermos algo mais sobre esse período ou personagens históricas, sem sentir que estamos a ler um livro de História.
Este recurso à descrição excessiva é sem dúvida uma característica do livro, mas devo dizer que em algumas partes da leitura não foi tão incómodo, e no geral, gostei bastante de absorver todo este conhecimento sobre uma época da História portuguesa sobre a qual não leio muito. Não foi a descrição em si que me incomodou neste livro, mas sim a maneira como foi escrita e introduzida, claramente com o objectivo de informar o leitor e sem brilho (vulgo info-dump).
Quanto à narrativa, acho que a história está repleta de constantes crescendos sem concretização, e que este livro é demasiado longo e o ritmo teria facilmente beneficiado de menos 200 páginas.
Mas nem tudo foi negativo, adorei as expressões regionais dos soldados portugueses e a sua relação com os “boches” e os “bifes”. A verdade é que acabei por me sentir cativada pelo destino dos personagens, e considero que a parte mais interessante do livro é a que descreve o posicionamento das tropas portuguesas na Flandres, e as suas relações com os franceses e os ingleses. Dei por mim a querer ler sempre mais sobre a vida nas trincheiras e sobre os pobres e resmungões soldados portugueses, sobre Afonso e Agnès.
No entanto, precisamente por esta parte ter sido mais satisfatória, achei o final totalmente anticlimático. É um livro bastante pretensioso, quer a nível de escrita, quer de história, mas que na minha opinião falhou a concretização por demasiado esforço. Ficou claramente aquém do que esperava.
O melhor: Aprendi mais sobre a participação portuguesa na I Guerra Mundial, a as expressões regionais dos soldados portugueses.
O pior: Overwriting vs infodump
3/5 – Gostei.
PS: Ufa, habemus blogger! :D