Bibliofilia: Amor por livros e por ler. O Bibliófilo ama ler e sente devoção pelos livros, colecciona-os e admira-os.

06/06/2013

The Other Queen

Autora: Phillippa Gregory

Editora: Harper Collins

Nº de páginas: 452

Publicado originalmente: Harper Collins (2008)

Sinopse (da edição portuguesa): Um romance dramático de paixão, política e traição, da autora de Duas Irmãs, Um Rei. Com a sua característica combinação de magnífica narrativa com um contexto histórico autêntico, Philippa Gregory dá vida a esta época de grandes mudanças, numa fascinante história de traição, lealdade, política e paixão.

Maria Stuart, Rainha dos Escoceses, está em prisão domiciliária em casa de Bess de Hardwick, recém-casada com o Conde de Shrewsbury, mas continua a lutar para recuperar o seu reino.

Maria é Rainha da Escócia mas foi forçada a abandonar o seu país e a refugiar-se na Inglaterra, governada pela sua prima Isabel. Nesta época, a Inglaterra é um país com um protestantismo mal alicerçado, pressionado pelo poder da Espanha, da França e de Roma, e a presença de uma carismática governante católica pode ser perigosa. Cecil, o conselheiro-mor da Rainha Isabel, concebe então um plano para que Maria viva enclausurada com a sua cúmplice, Bess de Hardwick. Bess é uma mulher empreendedora, uma sobrevivente perspicaz, recém-casada com o Conde de Shrewsbury (o seu quarto marido). Mas que casamento resiste aos encantos de Maria? Ou à ameaça de rebelião que a acompanha a todo o momento? No seu cativeiro privilegiado, Maria tem de aguardar pelo regresso à Escócia e pelo reencontro com o seu filho. Mas esperar não significa nada fazer!



Opinião: Sempre adorei a parte da história britânica relativa ao período dos Tudor. Tendo já lido alguns livros da Philippa Gregory e gostado bastante, este livro foi uma escolha obrigatória para a minha leitura temática, já que retrata não só um período do reinado da Rainha Elizabeth I, como o ponto de vista de Mary Stuart, Rainha dos Escoceses, que quis ser rainha de Inglaterra. 

Mary é uma rainha sem reino. Coroada em bebé, mas desde então refugiada em França, esta bela rainha encontra oposição no seu próprio reino da Escócia, sendo forçada pelos nobres escoceses a abandonar uma vez mais o seu reino. A Inglaterra protestante de Elizabeth acolhe a sua prima real. Mas à luz de um ambiente religioso e social pouco favorável e temendo a ameaça à segurança do seu trono que representa esta outra rainha, Elizabeth, aconselhada por Cecil, o Conselheiro-Mor, decide submeter a católica Mary Stuart a uma prisão domiciliária por tempo indeterminado. Este livro conta a história do seu encarceramento nas propriedades dos seus aliados Conde de Shrewsbury e esposa Bess de Hardwick, e é narrado por estas três personagens principais, intercaladamente. Mary é uma mulher belíssima e lutadora, uma rainha irresistível, que suporta a antiga fé. Shrewsbury é um nobre de uma das mais antigas e importantes linhagens de Inglaterra, e incapaz de fazer algo contra a sua noção de honra, e sempre leal ao trono de Inglaterra. Bess é uma mulher peculiar para a sua época, independente e empreendedora, que foi subindo em posição financeira e a quem este casamento trouxe a posição social que ambicionava. É pelos olhos destas personagens tão diferentes que vemos o desenrolar desta história.

Estando habituada a ler livros da época Tudor do ponto de vista da própria Elizabeth ou alguém próximo dela na corte, esta nova perspectiva foi uma agradável surpresa, e Philippa Gregory tem o talento de escrever como se as vozes das suas personagens tomassem vida no papel. Se nos livros que li anteriormente me habituei a olhar para esta Mary Stuart como uma vilã, a usurpadora do trono de Elizabeth e perturbadora da paz do reino, desta vez dei por mim a tomar o partido da pobre Mary, desapoiada, sofrida e tão encantadora. À medida que a sua beleza e graça conquistam todos na casa que a aprisiona, também o leitor é conquistado para a sua causa. Mas como o livro nos apresenta não apenas as páginas narradas por Mary, ficamos divididos nas nossas opiniões, enquanto vemos também o reverso da moeda, o carácter manipulador de Mary, e o caos causado pelas rebeliões que surgiram em Inglaterra durante os anos de aprisionamento da rainha dos escoceses. Este sentimento ambivalente surge, aliás, com cada uma das três personagens, e deixou-me sem saber por quem "torcer" afinal. Na belíssima forma como Philippa Gregory orquestra estes três diferentes pontos de vista, vamos vendo tomando forma a história dentro da História. 

Foi uma leitura que me agradou imenso, densa em ricos conteúdos históricos sem deixar de apresentar personagens que me surgem reais e verdadeiras, enquanto leitora. Em que os factos históricos e intrigas da corte se revestiram de emoções reais e convincentes. E no fundo é isto que eu procuro num romance histórico e a razão pela qual, quando são bons, constituem um dos géneros que mais gosto de ler. E esta autora não desiludiu. 

Numa nota ainda mais pessoal, fico particularmente contente por ter lido este livro imediatamente antes de uma visita à Escócia, onde me vi rodeada constantemente de referências, homenagens e monumentos que evocam a história da vida e morte desta rainha. De certo modo afectou a minha experiência de leitura e ajudou a marcar este livro na minha memória de forma especial (e provavelmente afectou a avaliação global da obra). Fez-me pensar que, não tendo sido amada na Escócia em vida, esta trágica Rainha decerto o é depois da morte. 


O melhor: Uma nova perspectiva acerca de uma rainha da qual pouco sabia,além do que representou para Elizabeth.

O pior: A natureza "tri-fásica" da narrativa origina alguns pontos mais repetitivos, quando as várias personagens relatam o mesmo acontecimento.


4/5 - Gostei bastante


Sem comentários:

Enviar um comentário