Bibliofilia: Amor por livros e por ler. O Bibliófilo ama ler e sente devoção pelos livros, colecciona-os e admira-os.

24/02/2013

Gone Girl

Autora: Gillian Flynn

Nº Páginas: 560

Primeira edição: Crown, 2011

Sinopse: Marriage can be a real killer.
On a warm summer morning in North Carthage, Missouri, it is Nick and Amy Dunne’s fifth wedding anniversary. Presents are being wrapped and reservations are being made when Nick’s clever and beautiful wife disappears from their rented McMansion on the Mississippi River. Husband-of-the-Year Nick isn’t doing himself any favors with cringe-worthy daydreams about the slope and shape of his wife’s head, but passages from Amy's diary reveal the alpha-girl perfectionist could have put anyone dangerously on edge. Under mounting pressure from the police and the media—as well as Amy’s fiercely doting parents—the town golden boy parades an endless series of lies, deceits, and inappropriate behavior. Nick is oddly evasive, and he’s definitely bitter—but is he really a killer?

As the cops close in, every couple in town is soon wondering how well they know the one that they love. With his twin sister, Margo, at his side, Nick stands by his innocence. Trouble is, if Nick didn’t do it, where is that beautiful wife? And what was in that silvery gift box hidden in the back of her bedroom closet?

With her razor-sharp writing and trademark psychological insight, Gillian Flynn delivers a fast-paced, devilishly dark, and ingeniously plotted thriller that confirms her status as one of the hottest writers around.


Opinião: Este livro chamou-me à atenção pela primeira vez no Goodreads pelas classificações positivas, tendo inclusive sido o livro com mais votações na categoria de Thriller/Mistery nos Prémios Goodreads de 2012, e acompanhei os updates da leitura da Célia, que foram (para variar) o empurrão decisivo para começar a ler. 
A premissa pareceu-me interessante, e prometedora: no aniversário de casamento de Amy e Nick, a mulher desaparece e o marido torna-se imediatamente o foco dos olhares do público e da polícia. Tratei de me manter completamente às escuras em relação à história até finalmente começar a ler. Este início tão clássico em histórias de mistério não foi propriamente o que me atraiu, mas sim a sensação que esta história teria necessariamente de ser mais do que isto. 

E não me desiludi. O livro está escrito numa estrutura que nunca muda ao longo de toda a história: capítulos intercalando o ponto de vista dos dois protagonistas, Nick e Amy. Os capítulos de Nick relatam os desenvolvimentos no momento presente, desde o desaparecimento de Amy, que por sua vez nos surge na história na forma de relatos de um diário. A maneira fabulosa como a autora começou por apresentar a dinâmica deste casal cativou-me imediatamente. Conhecemos as suas vidas do ponto de vista de ambos, alternadamente, cada capítulo passado num ponto temporal diferente, mas evocando a história do casal, por memórias no caso de Nick, por descrições do diário, no caso de Amy. Vemos, por exemplo, como um qualquer acontecimento das suas vidas teve uma percepção diferente da parte da cada um deles. 

Sem querer revelar demasiado da história, porque acho que aqui o factor surpresa é determinante, queria apenas elogiar a capacidade da autora de me enganar e surpreender por diversas vezes. Comecei o livro pensando que a história era sobre algo, chegando a meio senti que afinal o livro era em tudo diferente do que pensava, e ainda assim consegui ficar embasbacada de surpresa e ultraje antes do final da história. 

Apesar da estrutura de capítulos de pontos de vista diferentes - por vezes bastante curtos e sempre com um acontecimento ou revelação determinantes em foco - fazer deste livro um verdadeiro page-turner, para mim o ponto forte do livro é sem dúvida as personagens, muito bem construídas psicologicamente. A autora faz um retrato impressionante da normalidade (e anormalidade) das relações, das aparências e de como factores como desemprego e pressões familiares e sociais podem interferir nas mesmas. Fez-me reflectir também sobre como a forma como somos educados afecta a nossa personalidade e as pessoas em que nos tornamos quando crescemos, e principalmente como nos relacionamos com os outros. Deixou-me também a pensar sobre uma série de coisas sobre a natureza humana, mas sobre isso não vou falar, só lendo saberão ao que me refiro.

Não digo que este Gone Girl seja o livro do ano, mas foi sem dúvida uma leitura surpreendente e que me deu imenso gozo. Recomendo vivamente e fiquei com vontade de ler mais coisas da autora.


O melhor: A caracterização das personagens e os (vários) momentos "wtf?!"

O pior: Achei que o crescimento da narrativa merecia um final mais gritante, mas foi surpreendente à sua maneira.


4/5 - Gostei bastante.

7 comentários:

  1. Este livro deixa-me "on the fence". A primeira vez que ouvi falar dele decidi logo que não ia ler. Depois, quando comecei a ouvir outras pessoas comentar a sua leitura (a Célia já parava de dar cabo da carteira a toda a gente), comecei a pensar se não seria uma boa forma de voltar a ler thrillers, um género que nem sempre me convence. A verdade é que, sempre que leio que um livro é page-turner, fico logo a pensar que não me vai dizer nada, que é puro entretenimento e que para isso mais vale ver mais um episódio de uma série qualquer das que já ando a seguir. Claro que, em alguns casos, estarei redondamente enganado, e há thrillers que não só são óptimos na forma como lidam com o suspense (lembro-me do Assassinato de Roger Ackroyd da Agatha Christie) como nos trazem pelo meio bastante food-for-thought.
    A Célia disse no seu comentário que um dos pontos fortes de Gone Girl era o retrato psicológico das personagens, tu agora adicionas que também te deixou a pensar na educação das pessoas e da influência do contexto nas suas personalidades e relações. Se esses pontos estão assim tão bem explorados, pondero mesmo dar-lhe uma hipótese, eventualmente.

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    1. Vamos eleger a Célia como a nossa destruidora de orçamentos oficial? :D

      Neste livro não vais encontrar muito suspense, pelo menos não no sentido de suspense que a maioria dos thrillers explora. Este livro são as personagens, achei o retrato psicológico brutal, tal como a Célia acho que é o ponto forte. Diria mais, este livro É as personagens e o que lhes passa pela cabeça. É difícil explicar sem spoilar :P
      Pelo menos para nós, meros mortais sem experiência e conhecimento clínico-psicológico (:P), as personagens são impressionantes

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    2. Boa, gosto. Vamos ver se lhe pego um dia :)

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  2. LOL, até parece que suas excelências não arruinam o meu orçamento xD

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    1. Tentamos, mas jamais atingiremos a sua categoria, cara Célia :D

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  3. Também pensei em não ler este livro, mas depois de várias opiniões tão positivas estou a ponderar.

    Nesta pesquisa encontrei este seu espacinho Cat. Adorei!
    Vai-me ter por cá com alguma frequência!

    ;)

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