Bibliofilia: Amor por livros e por ler. O Bibliófilo ama ler e sente devoção pelos livros, colecciona-os e admira-os.

30/12/2010

Balanço 2010

Pois é, final de ano e tal.. 
Já que, no que aos livros diz respeito, já fiz as resoluções de ano novo, só me falta fazer o balanço de 2010. Sem mais delongas:

2010 foi o ano do Acordo Ortográfico. Apesar de ainda não estar em vigor, o (des)acordo chegou este ano e causou muito pânico aos amantes da Língua Portuguesa e da literatura, aos mais patrióticos ou aos simples cidadãos. Eu paniquei. Eu admito. Paniquei, e paniquei bem. (oh oh, esta palavra não existe nem no acordo nem fora dele, mas qualquer dia já existe, porque a Língua é mutável eheh. À excepção do Latim, claro, e às tantas é por isso que lhe chamam uma língua morta). Revoltei-me e reclamei, e voltei a revoltar-me com pérolas do género: "eu vou continuar a escrever como quero!" e "eu vou escrever sempre facto com o 'c'!". Mas isso descobri eu depois. Foi quando me disseram: E ainda bem, até porque de facto, facto escreve-se facto. Com acordo ou sem ele. Oh diabo... pensei eu, afinal ando enganada.

Porque a internet é uma fonte de informação inesgotável (entre outras coisas), e eu estou sempre a aprender com ela. Ou melhor, com outras pessoas melhor informadas que eu, com as quais me meto à conversa na net. A minha opinião em relação ao Acordo amadureceu, e o pânico foi-se. A culpa da minha ansiedade inicial, acuso e aponto o dedo, foi da catastrófica comunicação social, que desinforma habilmente a população. Acredito que não "vamos passar a escrever em brasileiro", nem de perto nem de longe. As alterações não são assim tão gigantes e são perfeitamente naturais. Li uns 3 ou 4 livros (pelo menos) traduzidos para a Língua Portuguesa ao abrigo das novas regras do Acordo, e só num deles é que me apercebi claramente das alterações. Outro houve em que me apercebi, mas apenas porque a meio da leitura soube que já estava escrito com as novas regras, e tratei de escaranfunchar todos os parágrafos daí em diante à procura dos "c" invisíveis, que acabei obviamente por encontrar.

Se preferia que as coisas se mantivessem iguais? Claro. Mas não acho que seja motivo para pânico nem revoltas, muito menos arritmias literárias, principalmente porque ninguém vai ser obrigado a escrever segundo as novas regras, e as grafias anteriores ao Acordo serão aceites na mesma e consideradas igualmente correctas. 
Em suma, eu e praticamente toda a gente da minha geração e anteriores, vamos continuar a escrever como aprendemos e achamos bem. Quer seja porque somos contra ou porque burro velho não aprende línguas. Mas as gerações mais novas vão aprender na escola uma grafia mais adequada ao português que falam e que se falará nas próximas décadas.


Quanto à leitura per capita, e voltando ao balanço...

Li 43 livros em 2010. Mais do que em 2009 certamente, apesar de ter sido a primeira vez que contabilizei. 
Considerando o aumento na quantidade de literatura por metro quadrado cá de casa, e também das leituras per capita, devo dizer que em termos que quantidade não foi um ano nada mau. 

Igualmente, em termos de qualidade, 2010 foi um ano de boa colheita, por assim dizer.  Li excelentes livros ao longo deste ano. Alguns, não tenho dúvidas, tornar-se-ão com o tempo em favoritos de sempre. Apesar de todos os esforços, também li alguns livros que foram perdas de tempo. Nunca se consegue escapar totalmente às uvas podres, e pior são aquelas que até tinham bom aspecto.  
Segue a lista, no meu entender, claro:


O Melhor de 2010: 

(sem ordem definida)

A Sombra do Vento, Carlos Ruiz Zafón
Os Leões de Al-Rassan, Guy Gavriel Kay
A Canção de Kali, Dan Simmons
Duna, Frank Herbert
Os Homens que Odeiam as Mulheres, Stieg Larsson
A Rapariga que Sonhava com uma Lata de Gasolina e um Fósforo, Stieg Larsson
A Mulher do Viajante no Tempo, Audrey Niffenegger
O Físico, Noah Gordon
O Dardo de Kushiel e A Marca de Kushiel, de Jacqueline Carey
A Senhora de Shalador, Anne Bishop

O muito mau:
(vulgo, por que raio é que eu li isto?)
Darwinia, Robert Charles Wilson
Comer, Orar, Amar, Elizabeth Gilbert

As surpresas positivas:
Guerra Mundial Z, Max Brooks
Eu Sou a Lenda, Richard Matheson
A Canção de Kali, Dan Simmons

As desilusões:
Pátria, R. A. Salvatore
O Mago, Raymond E. Feist
O Evangelho do Enforcado, David Soares
O Festim dos Corvos, George R. R. Martin



A lista completa está na página Leituras 2010, no topo do blog. Lamentavelmente, só li 3 livros de autores portugueses. Pergunto-me: como é possível!? Que vergonha! É um dos objectivos para 2011, sem dúvida! Nunca se publicou tanto livro em Portugal, e as editoras estão a apostar, e bem, em jovens autores portugueses, principalmente no género do fantástico (tão inflamado nos dias que correm!). Há vários nomes de novos autores (alguns novos para mim, e outros verdadeiros estreantes) que tenho debaixo de olho, e não apenas por serem portugueses, mas porque me parecem verdadeiramente bons. E não se pode desperdiçar o talento nacional. Há que ter em atenção o PIB e comprar nacional.

Falando em PIB.. Quanto ao balanço financeiro do vício... Não quero fazê-lo! Até porque ainda quero ler muitos livros antes de morrer, e se fizesse as contas ainda entrava em paragem cardio-respiratória e a gata da foto ficava orfã, e ela não gosta de mais ninguém a não ser eu (e mesmo assim é só às vezes hihi).

Fica apenas a nota, pequenina, que tenho uma boa pilha para ler, e tenciono acabar com ela em 2011 (serve?). Ah, e que as minhas estantes estão cada vez mais bonitas :)

Desejo a todos umas excelentes entradas em 2011, e boas leituras.

11 comentários:

  1. Adorei o comentário miga! Vou tentar ser tão explicita como tu quando fizer o meu balanço mas não sei se vou encontrar paciência para tanto! :P

    Ps. Eu ainda não me habituei ao acordo ortográfico, vê-se logo pelo meu blogue fora de moda agora devia ser “Estórias”! Ai, ai que medo!

    Adorei ;) Beijinhos*+

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  2. Confesso que no início implicava imenso com o Acordo Ortográfico (AO), mas agora ao ler livros com o mesmo já quase nem dou pelas trocas, com uma (grande) excepção: quando se tiram acentos de palavras como para/pára (preposição vs. forma verbal). Tropeço sempre! LOL Cada vez que vejo uma coisa escrita por mim sinto-me velha, mas agora já vai ser um pouco difícil interiorizar certas coisas do AO. Bem, não é outra língua, por isso suponho que nos havemos de entender uns aos outros. ^^

    Não sou de fazer resoluções de Ano Novo, mas quanto a livros talvez tenha de as fazer, porque estou como tu! Demasiados livros comprados, demasiado poucos lidos!

    Termino com um repto: mostra-nos as tuas estantes. Fiquei curiosa. =D

    Bom Ano,
    p7

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  3. Tal como a p7 tropeço nas palavras que perderam os acentos e o para/pára é um excelente exemplo. Ao ler A Corte do Ar era uma das palavras mais chatas e chamei imensos nomes ao tradutor e ao revisor, só depois me disseram que realmente é assim. É um dos exemplos que acho estúpido e que era escusado mexer, porque pára é diferente de para.... enfim. Outra palavra com que embirro é o teto. Na primeira vez juro que cheguei a pensar "mas teta tem masculino?" só depois de acendeu a luzinha na minha cabeça "ah! é tecto!"

    Custa, sobretudo com os acentos que sinto que demorei tanto a tempo a aprender a acentuar as palavras como deve ser e agora vejo o meu esforço ir por água abaixo. :P

    O livro do Martin foi uma desilusão?!

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  4. Elphaba, já se usava Estórias antes do acordo, mas eu sempre preferi Histórias e gosto das tuas :D Vai-nos custar a todos habituar, mas acho que a solução é ler ler ler... Novidades claro! Já escritas com o Acordo (oops, isto vai contra a minha resolução :P)
    Obrigada, linda ^^

    p7 e Whitelady, essa dos acentos é que de facto me faz mais confusão e nem percebo muito bem a lógica, mas enfim. No Duna estava sempre a pensar "Doh! lá está isto outra vez!"
    A minha posição, depois de passada a raiva, é tentar habituar-me e pronto :P

    P7, já ando para tirar foto às minhas estantes, para mandar para o Estante da Canochinha, há séculos, mas acreditas que estou sempre à espera de ter os meus livros todos no sitio? Mas como estou sempre a emprestar a amigos, estou sempre a adiar! Agora estou sem muitos da minha Juliet, e isso não pode ser! ^^ Mas aceito o desafio, só não prometo datas lol

    Whitelady, depois do genial e arrebatador Glória dos Traidores, senti o Festim dos Corvos demasiado parado, anticlimático e... vazio das minhas personagens favoritas :P O Jaime não me chegou.
    Acho que foi no Duna que também me deparei com "teto" e pensei: oh meu deus, isto vai custar-me a habituar lol

    Bom ano a todas :)

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  5. Que fixe, o teu post sobre o balanço,deu-me muito agrado de o ler! Também não estou habituado ao novo acordo ortográfico, não gosto mesmo nada de ver escrito "facto" em "fato", fico logo a pensar em fato (vestuário). Ou "optimo" em "ótimo", que mal fica, parece que a língua está esburacada, realmente! Fartei-me de rir com a palavra que inventaste "paniquei", demais! Em 2010, não deparei com nenhum livro que tivesse o novo acordo ortografico, felizmente! :D
    Em relação à tua lista Top 10, só li "O Fisico" (em 2004) e também gostei muito! Quanto ao "Duna", vi em filme e adorei!Pois, também peguei no "Comer, orar e amar" (acho que foi no ano passado), e quando cheguei à pág. 10, pus-o de lado para esquecer! :) Tencionas acabar com a pilha TBR em 2011?!LOL Deixa-me que te diga: é impossível! Eu também dizia isto para os meus bótões e a pilha esteve sempre e ainda está em montanha, ou seja, não pará de crescer! ;o) Mas, olha, é maravilhoso ver esta montanha.
    Boas entradas em 2011 com muitas e excelentes leituras!

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  6. Oh Guerreiro, não me desanimes desta forma! Então eu cheia de vontade de exterminar a pilha! Eu gosto da minha pilha, é grandona e cheia de coisas boas, mas quero transformá-la em bens consumidos :P
    Olha, fiz um Top10? Juro que foi sem querer, nem os contei :D
    A meio da lista eliminei uma entrada repetida, porque escrevi A Sombra do Vento duas vezes (afinal a ordem não é assim tão aleatória :P)

    Olha, tens de ignorar o acordo e deitar as tuas "manitas" no Duna! É memorável! Eu também comecei o meu culto a Dune pelo filme, há anos.

    Comer, Orar, Amar... Bom, devo dizer, em minha defesa, que o li por 4 razões:
    - comprei-o por 5€,
    - achei que o trailer do filme prometia uma história interessante e divertida,
    - vi um rapaz a rir-se, divertidíssimo a lê-lo num comboio (o que foi de encontro à minha ilusão anterior)
    - Sou teimosa, e quando comecei tive de acabar. O pior é que nunca mais acabava! :P

    Ainda bem que gostaste. Obrigada e um excelente ano com leituras a condizer :)

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  7. Lol também eu adio tirar umas fotos às minhas estantes porque tenho os livros divididos entre a casa dos meus pais e a minha casa de estudante. Tenho é que me deixar de ser esquisita e tirar logo as fotos. xD

    Não és a única a estar desapontada com o Festim dos Corvos, se bem que achei que o Mar de Ferro estava pior. Ao fim de tantos capítulos da Cersei apetecia-me mesmo bater-lhe por ser tão tola. xD

    Boas entradas,
    p7

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  8. Juntamente com o último capítulo do Mar de Ferro (que achei fantástico!) acho que os capítulos da Cersei até salvaram o livro. Porque apesar de ela ser tola (e sim, apetecia-me bater-lhe) ao menos eram capítulos interessantes xD

    Eu também de deixar de ser esquisita e tirar logo as fotos, não é? :P

    beijocas!

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  9. A Sombra do Vento, Os Leões de Al-Rassan, Os Homens que Odeiam as Mulheres, O Físico, e os livros da J. Carey: todos livros que adorei :)

    Em relação ao AO, és das raras pessoas que vi "darem o braço a torcer". Lembro-me de ter pensado, na 1.ª vez que ouvi falar do AO, que era uma palhaçada agora ter de começar a escrever de uma forma abrasileirada. Felizmente, durou pouco tempo porque tratei de me informar. Confesso que me irritam um pouco os argumentos que a maioria das pessoas anti-AO utilizam porque não têm fundamento, apenas se baseiam numa coisa chamada "resistência à mudança". Acredito que daqui a uns anos já estamos todos habituados. Um dia destes começo a publicar as minhas opiniões segundo o novo AO :)

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  10. Olá Célia :) Este ano o meu top está cheio de grandes obras, sem dúvida!

    Se soubesses como me irritam os argumentos que são usados nas discussões sobre o AO... São argumentos gerados, na maioria, da ignorância em relação ao próprio AO, e sem dúvida há o argumento xenófobo. Tento desvalorizar e pensar que com o tempo as vozes vão calando, até porque tal como tu, inicialmente eu também pensei assim. Mas não percebo que as pessoas não procurem saber e conhecer o que estão a falar. Muitas mais dariam o braço a torcer também.
    Lembro-me quando leste o teu primeiro livro segundo o AO, e publicaste a tua opinião segundo as novas regras :)

    Ainda não fiz o mínimo esforço de mudar a minha escrita, é verdade, mas a ideia é gira. Até porque no fundo vai ser uma mudança bastante gradual e natural.

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  11. Este ano de 2010 até me trouxe agradaveis surpresas.

    No inicio do ano li 4 livros da saga 1º Homem de Roma da Colleen McCullough e só veio confirmar que é a minha escritora preferida e o melhor no que ao Romance Histórico diz respeito.

    Duna de Frank Herbert foi para mim o livro do ano e o melhor da minha curta experiência de FC, graças a este livro quero ler mais deste genero literário.

    1984 de George Orwell foi igualmente excelente.

    No fantástico (meu genero preferido) adorei o fechar do ciclo da Saga do Assassino da Robin Hobb, Patria do Salvatore adorei( contrariamente a ti) e a grande revelação foi sem duvidas a saga Kushiel da Jacqueline Carey, estou a adorar.

    A nível nacional estou a adorar a trilogia do Martin Braun (Alex 9) e gostei tambem dos livros da Susana Almeida, ambos da colecção TEEN.

    Fico por aqui, apenas discordar dos livros de Martin, os dois volumes finais não tiveram a qualidade dos anteriores, é verdade, mas não deixa de ser muito bons em especial o contributo / desenvolvimento das casas de Dorne e das Ilhas de Ferro.

    Excelente leituras para 2011 e depois em 2012 cá estaremos para fazer novo balanço LOL

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